terça-feira, 22 de dezembro de 2015

DECRETO DE DEZEMBRO




Você disse que viria, e veio.

Ainda era madrugada

Quando o irreverente solstício

Despediu-se da primavera

Sibilando segredos aos meus ouvidos.

Sem sono, sentei-me na cama

Ao lado da mulher amada que,

Lindamente nua, 
dormia alheia à troca de estações.

Embevecido, atentei-me a seu discurso de chegada:

A partir de agora,

Até as que as águas de março me levem,

Todas as alvoradas

E crepúsculos

E cantos dos pássaros

 E brisa faceira que brinque nos cabelos das mulheres,

Tudo será resultado de minha poesia.

Eu decreto.

E para que ninguém duvide, todos verão!

(Madrugada de 22 de dezembro de 2015)

sábado, 21 de março de 2015

CUMPLICIDADE





Tuas Odisséias
Aquelas a mim segredadas
A meia voz
Quase aos sussurros

Aquelas que
Quando verbalizadas
Traziam no bojo das palavras
Os feromônios do endoidecimento

Aquelas que
Incandesceram as achas adormecidas
Na mesmice de minha lareira de metáforas descoloridas

Aquelas que
Transformam meus insossos haicais
Em versos livres das masmorras dos conceitos sociais

Aquelas
Vividas sob a batuta de Baco
E que, ao sabê-las, me  fiz Priapo
Na alcova da poesia

Tuas Odisséias
Segredos de Penélope
Guardo-as junto às minhas
No meu baú de peripécias impublicáveis.

VOLTANDO A FALAR DE SONHO

Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...