quarta-feira, 19 de julho de 2017

CHAPEUZINHO VERMELHO PARA MAIORES (Poema Prosaico)


Não guardo segredo

Sobre meu insano degredo.

Sempre que posso

Deserto-me da realidade

Pelo simples prazer

De voar nas asas da liberdade .



Um dos méritos da poesia

É singrar livre nas águas da fantasia.

Assim, dias atrás noutro poema que escrevi,

Você apareceu-me vestida de Chapeuzinho Vermelho

Passeando num imaginário parreiral

Totalmente livre das amarras do mundo real.


Naquele instante, alvejado pelos dardos do encantamento

Prostrei-me, silente, sem entender o motivo do endeusamento.

Você caminhava a passos leves.

Na verdade não sei se caminhava ou levitava,

Mas sei que eu, vencido pelo êxtase do enlevo surreal

Declarei amor àquela visão paradoxal.


Por instantes, detive-me apenas a observá-la,

Mas, subitamente, ardeu-me um desejo incontrolável de amá-la.

Distante e linda, alheia e alhures

Você se ocupava colhendo uvas dulcíssimas

E eu, possuído de encanto, naquele rompante incendiário

Fiz do parreiral um santuário.



Se você soubesse

O tamanho de meu desespero

Deixaria cair aquela capa carmim

E ficaria vestida apenas chapeuzinho.

Por capricho posaria nua com a cesta de uvas na mão

E o poema seria literária solução.



Ipso facto pergunto qual o papel da poesia

Não fosse a possibilidade da magia?

Somente assim, eu poeta chinfrim

Ouso dominar o vento e mover a capa carmim

Até pousar meus olhos embevecidos na beleza imaginada

Cuja perfeição sob a luz do sol se faz revelada.



Mas sei que meu delírio de lobo mau

Esbarra numa realidade abissal.

Não fosse isso

Nem as demais barreiras do abisso

Meu texto seria apenas sonho em forma de poema


E meu poético desejo, tão somente, metafórico dilema. 


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