domingo, 1 de outubro de 2017

ELÃ VITAL



O que move meu canto

São os mistérios do encanto.


Quando escrevo

Quebro meus grilhões de escravo

Porque é na façanha da escrita

Que a alma do poeta grita.


Para escrever eu preciso colher

E é nas belezas e suas sutilezas

Que colho a matéria prima

Para o ofício poético acontecer.


Sou dependente da arte de contemplar

E ainda que olhe alhures

Desfruto, à distância, do enleio de imaginar.


Por isso esse prazer

Cotidiano em revisitar

O mundo sem limites

Existente em meu quintal.


Por isso, também, volto incansavelmente

Ao meu doce pomar de loucuras

Ávido para colher o sumo dulcíssimo

Que brota das entranhas das frutas maduras.


E no mesmo febril desejo

Vou todas as manhãs ao meu jardim de delicadezas

Para colher, com os olhos, lampejos de belezas.


É ali, nessas manhãs primaveris

Que lindas orquídeas despudoradas

Exibem para mim,

Suas lindas pétalas orvalhadas.


E como, às vezes, o verso nasce do reverso

Eu me entrego com apego

Sem medo de me perder.


Minha saga não é às cegas,

Sou caçador de emoção.

Quando viajo voo e ajo

Nas asas da imaginação.


Creio que liberdade não tem idade

Se o coração for sincero

E a poesia, ainda que mito, for verdade.


Não há cabresto para magia

Quando o assunto é fantasia.



Foto: orquídea do meu jardim, fotografada por mim. 
Ap. de Gyn, Madrugada da primavera de 2017
02:47


VOLTANDO A FALAR DE SONHO

Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...