segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

BODAS DE CEDRO

As muitas águas não poderiam apagar esse amor nem os rios afogá-lo.
Cant. 8:7






Uma história não se escreve
Apenas com palavras
Às vezes precisamos usar silêncios
Lágrimas, angústias, dúvidas
E uma variedade de outros materiais
Que não cabem neste poema.
Mas um ingrediente indispensável
Na construção de qualquer história
Além do amor
É o Tempo.

Tempo, tempo, tempo...

Tempo serve como emplastro
Para curar ferimentos
Tempo serve como tempero
Para dar sabor  às conquistas
Longamente esperadas
Tempo serve como fiel
Para balizar
O que realmente vale a pena cultivar.  
Tempo também tem o poder de transformar
Informação em conhecimento
E conhecimento em sabedoria.

Somente com o passar dos anos
Aprendemos a dar valor
Em pequenas coisas
Que na juventude
Parece-nos perda de tempo.





Na nossa história, cheia de versos
Inspiro-me na força resistente do cedro
Que não se verga frente às intempéries
E força de ventos adversos.

A dois,
Passo a passo
Ano a ano
Apreendemos
Que trinta e seis anos juntos
Merece cada brinde
Feito com café quentinho
Tomado a cada manhã
Para agradecer a Deus
Um novo amanhecer.



sábado, 20 de outubro de 2018

III

Descanso minha pena
Em um tinteiro vazio.
Se não há escrita
Silenciosa será a desdita.
Quanto aos poemas
Que estavam em gestação
Pouco importam os temas.
Sem sementes, sem floração.
(Poemas Avulsos)
III

Não me acostumo
Com o silêncio de inspirações
E a Ausência de tempestades.
Quando o coração de um poeta se cala é sinal que a alma está vazia.
Prefiro a turbulência
Dos ruídos de ventos uivantes
E a inquietude
Verbal das paixões alucinantes.
Poesia de calmaria
(Às vezes)
Assemelha-se a uma lápide fria.


(Poemas avulsos)
II

Desconheço meus limites
Quando me entrego à poesia.
Agora há pouco
Por pouco
Eu faria de uma metonímia
Meu quinhão de alegria.
Meus cabelos brancos
Carregam um milhão de ideias.
No meio do nada sou nada
Fazendo poesias,
Mas nado de braçada
Colorindo fantasias.

(Poemas avulsos)

I

Não escrevo poemas à toa.
Quando escrevo
Falo para outrem
Ou talvez fale para mim,
Não sei.
Agora, por exemplo,
Estou pensando em você,
Mas também em mim.

Hoje vi seu difuso brilho
Crepuscular
E pensei, por que não homenagear?
Saiba, ó improvável lua de outubro,
Meu desejo é que este poema
Atravesse a nuvem desta primavera
De saudades
E diga-lhe que este poeta
Tem em si a alma encantada.
Lua ó lua!
Meu maior desejo
E ver você inteira mente nua.

terça-feira, 2 de outubro de 2018

INSÓLITA MENTE





Sonhos são feitos
De matérias diáfanas
Diluídas no etéreo universo
Das subjetividades.
Mistura de desejos e lembranças
Soma de sentimentos
Imensos que cabem numa fresta da mente
E mesmo pueris são intensos e não mentem.

Quando sonho
Sou passageiro do onírico
E me faço refém da fantasia 
Na vivência das loucuras desejadas.
Vivo com intensidade
Todas as impossibilidades sonhadas.
E não consigo fugir de mim.

Na leveza incólume dos sonhos
Meus pensamentos
Se movem em avalanche
Por caminhos impensáveis
Nos (d)efeitos da sobriedade.

Em ruidoso silêncio
De minhas lúdicas emoções
Vou viajando paisagens proibidas
Fazendo vernissages
Com aquarelas coloridas
Tingindo com cores vivas
O cinza esquálido de meus dias.

Mas saibas que quando viajo
Não vou só
Sempre levo teus olhos comigo
Para que vejam tudo que vejo
Quando estou contigo.

Ah, esses loucos desvarios
Construídos com rico enredo
De travessuras inconfessáveis,
Matéria prima de poemas sem medo
Da saudade de delícias memoráveis.

 __Poeta, você é mesmo incorrigível,
Digo ao que me vê
Quando olho o espelho. 

Mas,

Que culpa tenho eu,
Simples poeta plebeu,
Se meus sonhos mais comuns
Tornam-se tema de poesia
E se até meus pensamentos impensáveis
Transformam-se em insólita borboleta
Que pousa na aba do meu chapéu?



quarta-feira, 5 de setembro de 2018

CAMINHADA





Pés descalços
Cabelos ao vento
Ao teu lado sou Fênix,
Renasço, me reinvento.

Caminhando na areia
Sem pressa, sem desassossego,
Meus rastros escrevem poemas
Que de outra forma não escrevo.

Basta-me a suavidade
Dos sussurros da brisa do mar
Para que uma metáfora de sensualidade
Faça de mim Odisseu capaz de vencer peripécias
Sem medo de soçobrar.

O que sou
E o que somos
Soma-se ao que sonhamos
Porque amar não é apenas retórica
É muito mais do que supomos.

Neste cinco de setembro
Data de teu aniversário
Quero recolher areia dos mares que pisamos
E colocar numa ampulheta metafísica
Para que sirva de memorial.
E que fique claro ao tempo e ao vento
Que amor de poeta
É poema escrito em pedra
É amor perenal.



quinta-feira, 30 de agosto de 2018

POEMA SOBRE LONJURAS INIMAGINAVEIS




Enquanto escrevo
Voo nas asas que invento
E se
A favor estiver o vento
Cometo loucuras que sem asas
Não me atrevo.

Enquanto estou voando
Sou menino travesso 
Passageiro de aventuras
Como se tivesse sonhando.

Quando a lógica sai dos trilhos
E o roteiro vira improviso
Faço prévias sem aviso
Sem amarras e empecilhos. 

Totalmente dono de mim
No voo da poesia eu sou rei
Faço festa com fogo e festim
De um jeito que nem eu sei.

Sou poeta, sim senhora,
Mas também sou pessoa normal
Pênsil mastro no píncaro do andor
Âncora cravada no fundo abismal.

Se quiseres me amar assim
Sendo eu tão plural
Seja meu pomar, sejas meu jardim
Seja brisa e temporal.

Amo andar nu, completamente,
Numa praia sem censura
Sem pressa, sem medo, livremente,
Colhendo encantos, delírios e aventuras.

Sou a favor do amor livre,
Livre do assombro do espelho
Quando olhamos e vemos o que somos
Sem a maquiagem da hipocrisia
E a máscara do desespero.

Se quiseres me amar assim
Dá-me cá tua mão
E não me diga não
Se eu quiser fazer da regra
Uma exceção.


 Sou poeta, sim senhora,
E vou-me embora pra Pasárgada
Quando quiser, a qualquer hora,
Mas não vou só.

Sempre te levarei comigo
Se quiseres ser meu sol
Se quiseres ser meu abrigo
No sustenido ou no bemol.

Enquanto escrevo
Voo nas asas que invento
E se
A favor estiver o vento
Cometo loucuras que sem asas
Não me atrevo.

Quando voo,
Faço minhas as asas do condor
E viajo lonjuras inimagináveis
E se as surpresas me causarem dor
Valerá a pena pelas paisagens.


30deagostode2018

quarta-feira, 29 de agosto de 2018

BANHO DE ESPUMA



Ontem a noite eu vi a lua
E ela também me viu.
Por alguns instantes
Nos olhamos em silêncio
Unidos pelo encantamento.

Então pensei:
A lua tem alma?
Como pode ser tão linda
Tão calma
Na escuridão da noite infinda?

Devagar ela se movia
Entre nuvens almofadadas
Como se fosse uma mulher nua
Se exibindo em banho de espuma.

Ah, que saudade travessa
Atravessou minha mente
Enquanto a lua escondia e se mostrava,
Brincando malandramente!

Cativo pelo encanto
Algemado na fantasia
Fiquei ali, em meu canto
Alimentando-me de poesia.


Apgyn29/08/2018 23hs:00min


VOLTANDO A FALAR DE SONHO

Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...