segunda-feira, 11 de maio de 2009

O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço




Festival de culto ao pênis atrai milhares a cidade japonesa
Ewerthon Tobace
De Kawasaki (Japão) para a BBC Brasil




Um festival inusitado e curioso atrai todo ano cerca de 10 mil turistas à cidade japonesa de Kawasaki, na província de Kanagawa.
O Kanamara Matsuri, ou Festival do Falo de Aço, é realizado há cerca de 40 anos e os símbolos que representam o templo são os órgãos sexuais masculino e feminino.
Popularmente conhecido como Festival da Fertilidade, o evento atrai muitos curiosos, que se divertem com as cenas inusitadas. Mas os japoneses levam os rituais muito a sério.
Kazujiro Kimura, chefe da comissão organizadora do evento, explicou à BBC Brasil que o deus do templo de Kawasaki garante fertilidade e harmonia aos casais. "Antigamente, as prostitutas vinham até aqui para pedir também por proteção contra doenças sexualmente transmissíveis", conta.
O festival serve também para fazer campanhas de prevenção à Aids. "Começamos a distribuir panfletos e camisinhas há seis anos", lembra Izumi Tamaki, responsável pelo departamento de saúde da cidade.
Diversão para turistas
Enquanto os japoneses oram e seguem as tradições, os turistas se divertem com o festival. A brasileira Hiroko Kuba, de 40 anos, mora no Japão há seis anos e esta foi a primeira vez que visitou o festival. "Vim mais pela curiosidade e achei tudo muito engraçado", conta.
As formas dos orgãos sexuais masculino e feminino podem ser vistas por toda parte, em ilustrações, doces, lembrancinhas e esculturas. Três pênis gigantes chamam a atenção do público. Dois deles - um negro e outro rosa - são carregados pelas ruas em pequenos andores.
Os visitantes também aprendem a esculpir pênis em nabos e cenouras. O templo foi construído há mais de 150 anos, no chamado Período Edo (1603-1867). Os monges do templo também divulgam uma história folclórica sobre o deus local.
Segundo a lenda, um demônio com dentes afiados teria se escondido na vagina de uma jovem e castrado dois homens durante a noite de núpcias. Então, um ferreiro teria construído um falo de aço para quebrar os dentes do demônio.








quarta-feira, 6 de maio de 2009

FLAGRANTE


Enquanto você sobe a escada,

degrau

por

degrau,

vou medindo seus passos

com meu olhar

d

i

a

g

o

n

a

l.

Alumbradamente,

furto, de sua intimidade,

branco segredo e,

sob catarse ainda,

contemplo-a, distraidamente linda,

afastando-se sem perceber

este embevecido voyeur.

OBS: Na configuração original, publicada em livro, as palavras "diagonal" e "degrau por degrau" aparecem em diagonal, formando uma escada.

BASTOS, Almáquio. Sob o Signo de Eros, p. 39.

terça-feira, 5 de maio de 2009

AUTO RETRATO


Sobra de mim mesmo,
Assombra-me
Perceber a ignorância de ser.

Para espanto do espelho,
Súbito quebro algemas
E declaro alforria
De mim mesmo.

Escravo da liberdade,
Não me libertei
De ser vento,
Luz,
Sonho.

Amigo de duendes,
Sempre soube seduzir
Objetos
E construir escombros,
Insônias, delírios.

Não temo o vôo
De minha metade alada,
Nem o estigma de ser raiz,
Cravado ao chão de mim mesmo.

A proeza de sobrevoar
Telhados de amianto e tédio
Não me consome a fome
De ser homem,
De ser lume,
De ser livre.

Nunca me couberam
Os porões do mundo
E os modos primitivos
De esculpir estrelas.

Insano, sou acima de tudo
Enigma. Desconheço
Meu rosto no espelho dos dias.


BASTOS, Almáquio. Ciclo do Nada, Ed. Pirineus, Goiânia: 1996. p. 21

VOLTANDO A FALAR DE SONHO

Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...