Sobra de mim mesmo,
Assombra-me
Perceber a ignorância de ser.
Para espanto do espelho,
Súbito quebro algemas
E declaro alforria
De mim mesmo.
Escravo da liberdade,
Não me libertei
De ser vento,
Luz,
Sonho.
Amigo de duendes,
Sempre soube seduzir
Objetos
E construir escombros,
Insônias, delírios.
Não temo o vôo
De minha metade alada,
Nem o estigma de ser raiz,
Cravado ao chão de mim mesmo.
A proeza de sobrevoar
Telhados de amianto e tédio
Não me consome a fome
De ser homem,
De ser lume,
De ser livre.
Nunca me couberam
Os porões do mundo
E os modos primitivos
De esculpir estrelas.
Insano, sou acima de tudo
Enigma. Desconheço
Meu rosto no espelho dos dias.
BASTOS, Almáquio. Ciclo do Nada, Ed. Pirineus, Goiânia: 1996. p. 21
Assombra-me
Perceber a ignorância de ser.
Para espanto do espelho,
Súbito quebro algemas
E declaro alforria
De mim mesmo.
Escravo da liberdade,
Não me libertei
De ser vento,
Luz,
Sonho.
Amigo de duendes,
Sempre soube seduzir
Objetos
E construir escombros,
Insônias, delírios.
Não temo o vôo
De minha metade alada,
Nem o estigma de ser raiz,
Cravado ao chão de mim mesmo.
A proeza de sobrevoar
Telhados de amianto e tédio
Não me consome a fome
De ser homem,
De ser lume,
De ser livre.
Nunca me couberam
Os porões do mundo
E os modos primitivos
De esculpir estrelas.
Insano, sou acima de tudo
Enigma. Desconheço
Meu rosto no espelho dos dias.
BASTOS, Almáquio. Ciclo do Nada, Ed. Pirineus, Goiânia: 1996. p. 21
Poema lindo. Marquei o blog. Visitarei sempre. Cristina Moreira Sáfadi
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