Você disse que viria, e veio.
Ainda era madrugada
Quando o irreverente solstício
Despediu-se da primavera
Sibilando segredos aos meus ouvidos.
Sem sono, sentei-me na cama
Ao lado da mulher amada que,
Lindamente nua,
dormia alheia à troca de estações.
Embevecido, atentei-me a seu discurso de chegada:
A partir de agora,
Até as que as águas de março me levem,
Todas as alvoradas
E crepúsculos
E cantos dos pássaros
E brisa faceira que brinque nos
cabelos das mulheres,
Tudo será resultado de minha poesia.
Eu decreto.
E para que ninguém duvide, todos verão!
(Madrugada de 22 de dezembro de 2015)