O que move meu canto
São os mistérios
do encanto.
Quando escrevo
Quebro meus grilhões
de escravo
Porque é na façanha
da escrita
Que a alma do poeta
grita.
Para escrever eu
preciso colher
E é nas belezas e
suas sutilezas
Que colho a matéria
prima
Para o ofício
poético acontecer.
Sou dependente da
arte de contemplar
E ainda que olhe
alhures
Desfruto, à
distância, do enleio de imaginar.
Por isso esse prazer
Cotidiano em
revisitar
O mundo sem limites
Existente em meu
quintal.
Por isso, também,
volto incansavelmente
Ao meu doce pomar de
loucuras
Ávido para colher o
sumo dulcíssimo
Que brota das
entranhas das frutas maduras.
E no mesmo febril
desejo
Vou todas as manhãs
ao meu jardim de delicadezas
Para colher, com os
olhos, lampejos de belezas.
É ali, nessas
manhãs primaveris
Que lindas orquídeas
despudoradas
Exibem para mim,
Suas lindas pétalas
orvalhadas.
E como, às vezes, o
verso nasce do reverso
Eu me entrego com
apego
Sem medo de me
perder.
Minha saga não é
às cegas,
Sou caçador de
emoção.
Quando viajo voo e
ajo
Nas asas da
imaginação.
Creio que liberdade
não tem idade
Se o coração for
sincero
E a poesia, ainda
que mito, for verdade.
Não há cabresto
para magia
Quando o assunto é
fantasia.
Foto: orquídea do meu jardim, fotografada por mim.
Ap.
de Gyn, Madrugada da primavera de 2017
02:47