segunda-feira, 27 de abril de 2009

TEXTURA DAS SALIÊNCIAS




Em tarde de sábado qualquer,
Enquanto o sol de verão reverbera luz
E calor sobre Goiânia,
Cidade de deusas,
No frenesi dos Shoppings,
Exércitos de filhas de Eva
Exibem juventude, beleza e alegria.

Sentado no banquinho da reflexão,
Em pétreo silêncio e
Fumegante expresso na mão,
Eu, um arremedo de “O pensador” de Rodin,
Leio e releio em lycras, suplex e cottons
A textura das Saliências, sob torpor de élan.

Nesta postura oficial de voyeur em exercício,
Conjugo todos os modos do verbo “maravilhar”,
Assistindo um onírico desfile de detalhes.

Pênseis piercings em umbigos esculpidos
Indicam a direção das deltaicas fronteiras.
Calças supercoladas ao corpo
E seus coses baixíssimos,
Por milímetro, não revelam pêlos fugitivos
Das minúsculas folhas de parreira.
Neste vespertino vernissage em pleno Shopping,
Quedo-me absorto
Contemplando triângulos intumescidos
No edênico oásis de delícias.
Extasiado, folheio com os olhos
O mostruário tridimensional
- vulvas desenhadas em alto relevo –
Nas têxteis superfícies coloridas.

Maravilhosamente lindas
E alheias à minha paradoxal,
Silente e deliciosa agonia
As filhas da p...rimeira mulher
Riem de tudo, na efervescência do nada.

No banquinho da agônica e solitária te(n)são,
Entre goles e café e infértil reflexão,
Rumino a pergunta, indeletável, que trava trilhas
Em meu hardware imaginário:

Que intenções dirigem as femininas mãos
No instante ritualístico da escolha do vestuário?
BASTOS, Almáquio. Sob o Signo de Eros, p. 34


Um comentário:

  1. Delicioso e tesudo esse texto! Ufa!! E você ainda fala dos meus? Isso que eu chamo de letras sensuais e gostosas que remexem e se enfiam lá no fundo... (pode ser da calcinha se quiser...)Obra de mestre! Bjs daqui.

    ResponderExcluir

VOLTANDO A FALAR DE SONHO

Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...