Tenho aprendido muitas coisas com o silêncio, inclusive domar palavras. Quando me recolho, percebo que, pouco a pouco, os sons vão se diluindo, diluindo, até restarem somente aqueles que são imperceptíveis no caos da normalidade. É aí que surgem as palavras que precisam ser domadas. Elas surgem do nada, lambuzadas de significados equivocados, arrogantes. A primeira coisa que faço é despi-las, retirar aquela roupagem manchada, cheia de nódoas e mágoas, para depois lavá-las. Torná-las isentas. Não é fácil, muitas se rebelam e não aceitam o tratamento. Semanticamente, já estão tão contaminadas de tal forma que o significado original não lhes cabem. Nesse caso, melhor deixá-las assim mesmo, travestidas.
Foi em num desses meus recolhimentos que levei uma surra. O caos da normalidade estava me impedindo de perceber que amar é sentimento, mas, também é atitude. A cacetada, ou melhor, a Paulada, veio neste poema de Paulo Leminsk:
objeto
do meu mais desesperado desejo
não seja aquilo
por quem ardo e não vejo
seja estrela que me beija
oriente que me reja
azul amor beleza
faça qualquer coisa
mas pelo amor de deus
ou de nós dois
seja
Papy, ameeei esse texto. Adorei a frase: Tenho aprendido muitas coisas com o silêncio, inclusive domar palavras.
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te amo