Nascido na véspera do futuro, De que me adianta o brilho Néon do engano Se não consigo evitar a calvície De meus sonhos? Das cavernas, A angústia me consome. Da pedra lascada À Internet, Nada mudou. Nos cromossomos Somos os mesmos: Pânico diluído nos gens. Se a cabala fala, O que me cala é o medo Que meço a polegadas No tic-tac de meus dias.
segunda-feira, 5 de abril de 2010
Da janela virtual de minha casa, em Aparecida de Goiânia, para a Quinta Avenida, Nova York
Da janela virtual de minha casa, em Aparecida de Goiânia, assisti, no último dia 03 de abril, sábado, ao mais recente lançamento da Apple, isto é, o lançamento do pré-anunciado iPAD que, de forma simplista pode ser definido como um tablet desenhado para navegar na rede, reproduzir jogos e vídeos além de ler livros digitais.
Primeiramente eu não sabia o que era aquilo – iPAD – já que os conhecidos iPOD e iPHONE ainda cheiravam a novo em meu vocabulário. Entretanto, todos os sites e blogs voltados para área de tecnologia anunciavam que desde o dia 30/03, isto é, quase uma semana antes, já se iniciava o alvoroço em torno do anúncio da novidade e não tardou a formação de filas de pessoas em frente a Apple Retail Store da Fifth Avenue, em Nova York. E olhe só, o mesmo cara, Greg Packer, que em 2007 ficou três dias plantado em frente a loja só pra ser o primeirinho da fila a por as mãos no Iphone, lançamento da época, repetiu a dose e conseguiu o feito de ser o primeiro no mundo a comprar o seu iPad.
Assim, na sexta feira, dia 02, véspera do lançamento, a fila já era enorme e os “aficionados” levaram cadeiras e notebooks para passar o tempo até que chegasse as 09:00h de sábado, horário marcado e divulgado para o lançamento, ocorrido exclusivamente nos Estados Unidos.
Daqui de minha janela, vendo aquele burburinho, fiquei pensando nas semelhanças. Cá nos meus brasis, também tem esse negócio de ser “aficionado” por alguma coisa e fazer fila para se conseguir ser o “primeirinho”, ou, na maioria dos casos, pelo menos ser um dos vencedores.
Veja bem, basta pipocar o anúncio de alguma ação comunitária, na qual se divulgue serviços jurídicos, médicos ou sociais gratuitos e um bando de “aficionados” formam longas filas no intuito de lograr êxito em se conseguir o que, em tese, deveria ser facultado, sem dificuldade, a todos os cidadãos, trabalhadores, pagadores de impostos. Fora dos mutirões movidos a holofotes também é fácil de se ver “aficionados” em consultas médicas, sobretudo com especialistas. Basta uma passadinha nas “casas de saúde” públicas, para se ver longas filas de pessoas ávidas por conseguir uma senha de atendimento médico. E esse privilégio de esperar sem direito a desesperar não está mais restrito aos pacientes que dependem exclusivamente do SUS, pois os segurados do IPASGO já figuram em listas de espera para se conseguir procedimentos, até então, considerados simples.
Para os que acham que a estratégia de marketing da Apple é sucesso mundial, o que diriam ao verem a fila de “aficionados” que se forma em frente ao Restaurante Cidadão da avenida Goiás no horário de almoço; ali todos estão interessados não em ser o “primeirinho”, mas, pelo menos em conseguir um lugarzinho dentre aqueles que não irão trabalhar o resto do dia de barriga vazia. Aí Pode!?
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Gostei do texto Almáquio! Sem contar os "aficionados" nos terminais de transporte coletivo em Goiânia né?! Nem quero ver onde é que vai chegar!
ResponderExcluirRetribuido a visita. Parabéns pela crônica; tema interessante. Abraço poético. Alonso Rodrigues Pimentel
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