sábado, 3 de dezembro de 2011

EU E MINHAS CRÔNICAS


                                                         
                Alfredo Bastos Sousa, meu tio, presenteou-me com um exemplar do livro EU E MINHAS CRÔNICAS, de sua autoria, publicado em setembro último pela Editora e Gráfica Ligabe, Vargem Grande do Sul, São Paulo, onde reside.
                        Eu e minhas crônicas é um livro de 128 páginas que reúne textos simples, escritos em prosa (contos e crônicas) e também em versos, dispostos aleatoriamente ao longo da obra.
                       A temática versa sobre assuntos variados, muitos deles escritos na primeira pessoa e com clara evidência autobiográfica. Esse aspecto autobiográfico é bastante nítido quando autor, consciente de que sua vida tem mais passado que futuro, manda recado aos leitores, como pode ser visto no texto cujo título é Sem título: “Apresso-me a escrever, pois meu fim está próximo. Espero que algum de meus pobres poemas, ou algum de meus contos possa servir de inspiração ou de algum proveito para algum leitor. (…) Muitos de meus escritos foram acontecimentos verdadeiros, presenciados e vividos por mim (…) Sempre gostei de escrever, e lamento não ter começado há mais tempo”.
                          Receber este livro provocou em mim dois sentimentos distintos e contraditórios. O primeiro sentimento foi alegria. Sempre me alegra saber que a arte, sobretudo a literatura, é voz e  instrumento de manifestação de sentimento de alguém.
                        Escrevo desde a adolescência e hoje, aos cinquenta e dois anos de idade, mais do que nunca, valorizo a capacidade de comunicação que a palavra escrita carrega em seu lombo semântico. A angústia de Fernando Pessoa transcendendo o tempo em Tabacaria é exemplo inconteste do que acabo de afirmar.
                           O outro sentimento que o livro provocou, ao contrário ao primeiro, é melancolia. Primeiramente porque as reflexões em torno da aproximação da morte feitas pelo autor de Eu e minhas crônicas, guardadas as devidas proporções, também são feitas por mim. Por isso escrevo sobre a vida, mesmo quando falo da morte.
                      Em segundo lugar, a melancolia se instala em decorrência de um tema que tem ganhado força: a morte do livro. Não a morte do livro Eu e minhas crônicas, que acabei de receber, tampouco dos quatro que já publiquei. Falo, de maneira geral, da morte do livro impresso, feito de papel e tinta, aquele que colocamos na cabeceira da cama para releituras ou na biblioteca, onde ele aguarda alguém que queira viajar no tempo e no espaço por meio da leitura.
                            O e-book, conhecido no bom e velho português como livro digital já é realidade e, gradativamente, ganha adeptos.
                            Considero fantástica a possibilidade de ter acesso a uma obra literária a partir de um simples download e, por exemplo, viajar pelo mar português, seja no Smartphone ou tablet, lendo Mensagem de Fernando Pessoa. Esse conforto fica ainda mais impressionante porque, além de Pessoa, sei que posso carregar Shakespeare, Homero, a Bíblia, o alcorão e centenas de outros títulos e autores, tudo bolso.
                               Considerando que futuro do livro não é tema que se esgota com argumentações simplistas, nem cabe ser debatido neste curto espaço, encerro a provocação tomando nas mãos o presente que acabo de receber. Olho novamente a capa, a contracapa e folheio, aleatoriamente, o livro até que me salta aos olhos o primeiro verso do poema Inspiração:

Eu monto em meu cavalo alado
Vou pelos ares até a fonte Hipocrene
Beber a inspiração poética que me refulge
Fazer meus versos que me eleva aos ares.
   
                            Fecho o livro com um sorriso nos lábios, na certeza que, mais uma vez o papel da poesia foi cumprido. Eu e minhas crônicas é um eco de resistência, uma voz que insiste em gritar às pessoas-leitores sobre a importância de compreender o significado de Carpe diem.



                                                                              

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