terça-feira, 17 de maio de 2016

PRAZER DE ENVELHECER


Aos que dizem que estou ficando velho,
Digo
Que falam a verdade,
Mas deixo um recado:
Não quero fazer tirolesa,
Não quero fazer body jump
Não quero fazer Muay Thai 
O tempo me conferiu a licença de não querer.

Gosto de ver a ruidosa alegria juvenil,
Mas,
Amo a calma reflexiva
Que me permite diferenciar
Sênior de Senil.

Já chorei assistindo Romeu e Julieta,
Ouvindo A time for us.
Já dei crises de risos por coisas idiotas,
Só para não ser estranho na turma.
Já fiz  muitas estripulias maravilhosas,
Mas também já fiz
Sandices que prefiro não comentar.

Ter um passado me coloca em galeria
De honra, porque futuro ninguém sabe se o terá.

E para epilogar,
Digo que não abro mão
Do meu direito de não querer

E meu direito de amar por amar. 


segunda-feira, 16 de maio de 2016

ORAÇÃO DESESPERADA




Pessoas inúteis nunca somam.
Via de regra, subtraem ou dividem.

Pessoas inúteis não plantam,
Não colhem,
Só consomem.

Pessoas inúteis são como sal insípido:
Não salgam, não temperam, não cooperam.

Pessoas inúteis (pasmem!) existem.
E toda família tem.

Senhor,
Livrai-as delas mesmas,
E livrai-nos delas também.

domingo, 1 de maio de 2016

FALANDO DE FLORES


Quando falo de flores,
Não falo somente delas.
No universo da poesia,
Palavra é mais que letra fria.

Nas límpidas águas da linguagem onírica,
Velejo de braços abertos
E, aos gritos, soletro ao vento
Tudo que invento.



Na líquida transparência,
Vejo a fila de sílabas soltas
Rolando como seixos no perau,
Até se acasalarem umas às outras,
E formar uma frase plural.

É isso.

Flores são frágeis,
Mas são mui belas.

Não se enganem os ineptos.
Na feminina beleza

Reside o poder da realeza. 


ORQUIDEA MOLHADA


Na madrugada silente,
Enquanto algumas estrelas solitárias
Cintilavam no céu de minha imaginação,
Invadi a janela de seus sonhos
E recitei meus versos proibidos
Que guardo em um baú de ilusões.

Entendo que na poesia
Sussurrada ao pé do ouvido,
Há tênues fios que unem desejo e magia.

Cada verso recitado
Vale mil pelos eriçados
E depois que a chama está acesa,
Fixada está a fantasia
Nas rígidas abas da realidade.

Por isso,
No silêncio da noite, em sonhos, visitei seu jardim.
Vi a lua banhar de brilho todas as flores
E me encantei loucamente quando
O orvalho pousou sobre as lindas pétalas e deixou a orquídea molhada.

Ao acordar,
Talvez não se lembre dos versos que recitei,
Mas sua pele ainda quente e úmida,
Denunciará o beijo roubado que lhe dei.


               Ap.Gyn 30/04/2016

A CAMINHO DE ONDE?

De maneira simplista, geralmente, pensamos em caminho referindo a distância, a espaço percorrido ou a percorrer. Sabemos que o horizonte ne...