Quando escrevo
um poema
Vou juntando cacos ao acaso
Fragmentos de anseios e receios
E vou colocando-os
caco por caco
Vou juntando cacos ao acaso
Fragmentos de anseios e receios
E vou colocando-os
caco por caco
Palavra por
palavra
No corpo de cada verso.
No corpo de cada verso.
Entretanto
Há poemas que não podem ser escritos
Eles existem
Independentemente
Em formas diversas
de versos
E não cabem no
universo
Da linguagem escrita
Da linguagem escrita
Poemas dessa
natureza
São como a garoa que cai na madrugada
E não se vê a não ser
Nas pétalas da flor que não quis se proteger
São como a garoa que cai na madrugada
E não se vê a não ser
Nas pétalas da flor que não quis se proteger
São versos
imateriais
Que exalam aroma de poesia
Que exalam aroma de poesia
Sem letras
Sem palavras
Sem palavras
Sem explicações
São poemas construídos
Com matizes de sensações
fruto de peripécias homéricas
fruto de peripécias homéricas
Atadas ao novelo
de nós
Guardadas no baú
de elucubrações
Lembranças de pele roçando pele
Emanando cheiros de essências naturais
Misturados ao sabor de beijos indomados
No enleio de
lábios e línguas sem freios
São poemas sem
rimas
Sem letras
Que retratam o
indizível
O inexplicável
Poeta que sou
Padeço da
deliciosa agonia
De escrever e
descrever
O que não se
pode ler.
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