terça-feira, 14 de março de 2017

CELEBRAÇÃO (Porque todo dia é dia de poesia)



De vez em quando Deus me tira a poesia
Olho pedra, vejo pedra mesmo.
Adélia Prado.

Nem sempre é verão em meu coração
Acostumado às intempéries
Sobrevivo aos temporais dos dias
Mas peço
Não me tirem a poesia.

Em manhã que falta sol
Em noite que falta lua
Sou mais susceptível à melancolia.

No meu entendimento
O que difere o homem do nada
É a sua jornada.
É no caminho que se aprende
Cultivar rosas
Não obstante os espinhos.

De que adianta
A força bruta se nossa maior labuta
É contra nós mesmos?

Minha vigília perene
Tem cheiro de profecia
Sexto sentido não é exclusividade feminina
É leitura de vírgulas e entrelinhas.

No afã de ser um ser melhor
Sou, antes de tudo, pedra esculpida.
Na mão do artífice a solução
Para a dureza de meu coração. 


Fotografia http://www.entreculturas.com.br/2010/11/exposicao-celebracao-da-natureza/

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