terça-feira, 20 de março de 2018

SERENIDADE OUTONAL



Outonarei
Com a serenidade que o momento requer.
Hoje, último dia deste verão
Penso na fugacidade
Do ciclo das estações
Sem perder de vista
O desejo pelo fruto temporão.

Bobagem tentar antecipar
O que é apenas possibilidade.
A vida não permite
Levar na bagagem

Fruto que ainda não se colheu.
As sementes semeadas
Somente serão "favas contadas"
Depois que muito se regou.

Neste outono
Regarei na memória
As sementes que plantei
Nas estações passadas.
Se alguma frutificar
Saberei valorizar com alegria
O momento da colheita que esperei.

Sou um poeta que sonha
Com outonos perfeitos.
Galhos pejados, frutos maduros
Deliciosos, tenros, sem defeitos.

Promessa que vejo cumprida 
Na beleza dos grandes gomos em exposição
E no sumo das primícias
Que escorre no canto da boca
No momento da degustação.

Quero este outono de fartura
Com gosto loucura e serenidade.
Mistura de entusiasmo juvenil
Com prudência e sabedoria da maturidade.

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