quinta-feira, 17 de outubro de 2024

A CAMINHO DE ONDE?

De maneira simplista, geralmente, pensamos em caminho referindo a distância, a espaço percorrido ou a percorrer. Sabemos que o horizonte nem sempre é longe. Às vezes, dista apenas um pouco além da primeira curva, noutras parece alvo inatingível. O que é perto e possível para alguns pode ser um “atravessar desertos” para outros. O relativismo faz parte da vida humana. Há alguns dias deparei-me com a agência do Banco Itaú, aqui próximo de casa, com as portas fechadas e um banner noticiando que aquela agência fora transferida para outro local, onde, salvo engano, já havia outra agência do mesmo banco. Achei estranho porque pareceu-me mais uma aglutinação de duas agências em uma, mas esqueci o assunto, afinal, dificilmente precisamos de uma agência física para resolver problemas quando temos o banco na palma da mão. Dias depois li uma matéria que noticiava a prática de alguns bancos, dentre os quais o Itaú, em fechar agências físicas e a justificativa, simples e clara, era a adoção de uma política de redução de custos, tendo em vista o crescente uso, cada vez maior, das soluções on-line pela maioria dos clientes. Pensando nisso hoje, enquanto cortava as folhas secas de uma bananeira em meu quintal, divaguei lonjuras lembrando-me de quando, na juventude, assisti a filmes norte-americanos em que as pessoas usavam um telefone “fixo” ao painel de veículos de luxo. Quando vi uma cena dessas pela primeira vez, fiquei encabulado, “como isso era possível”? Com o tempo aprendemos que as distâncias nem sempre são geográficas. Os caminhos, às vezes, são feitos de fios invisíveis de teias que enredam de maneira, quase sempre irreversíveis. A ficção científica saiu das telas do cinema e das TVs e nos engoliu. Em 2020 a pandemia Covid-19 popularizou o “delivery” de maneira assombrosa. Como é fácil, prático e até econômico acessar as prateleiras e-commerce de qualquer loja do Brasil e até do mundo, sem tirar os traseiros do sofá de casa. Terminei de juntar as folhas secas que cortara, ensaquei-as e fui tomar uma xícara de café quente pensando nos caminhos que a evolução tecnológica está nos levando. A inteligência Artificial fascina e assusta. Cada vez menos conversamos com pessoas porque somos atendidos por robôs. Imaginei na multidão que perdeu seu emprego na última década em decorrência da automação, mas também pensei no exército, principalmente de jovens, que está assumindo o controle do leme na grande nau que singra nas águas da modernidade. Caminho sem volta, pensei tomando o restinho do café.

segunda-feira, 12 de agosto de 2024


 

O AUTOR POR ELE MESMO


Sou natural de Ivolândia-GO, nascido aos 28 de fevereiro de 1959, residente no município de Aparecida de Goiânia há mais de quatro décadas.

Sou formado em Saneamento pela Escola Técnica Federal de Goiás, profissão que nunca exerci; Trabalhei como Técnico em análises clínicas, na rede particular, por mais de 25 anos, sendo que por cinco anos, simultaneamente, também trabalhei na Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia, aprovado em concurso público;

Cursei Licenciatura em letras pela Universidade Federal de Goiás, concluindo a graduação em 2003, e após aprovação em concurso Público da Secretaria Estadual de Educação, exerci o magistério como professor de português e literatura;

Em 2005 pedi exoneração da Secretaria de Educação e ingressei na Secretaria de Segurança Pública, Polícia Civil, após aprovação em novo concurso público, função que exerci até agosto de 2023, quando me aposentei.

A poesia aconteceu em minha vida quando eu ainda era adolescente, por volta dos quatorze anos de idade e ela nunca mais foi embora. Já adulto e sexagenário, também descobri a fotografia como forma de manifestação poética e, desde então, tenho me dedicado à poesia e fotografia como meio de espantar fantasmas e colher paisagens com os olhos.

Sou acadêmico fundador da Academia Aparecidense de Leras (AAL) e ocupo a cadeira de número 04, cujo patrono é o poeta Pio Vargas.

Publiquei quatro livros de poemas:

Vida Abundante. Poesia e Teatro, Goiânia: 1987. Ed. Bandeirante.

Abissal absurdo. Poemas, Goiânia: 1990. Ed. Bandeirante.

Ciclo do Nada. Poemas, Goiânia: 1996. Ed. Pirineus.

Sob o signo de Eros, Aparecida de Goiânia: 2007. Academia Aparecidense de Letras. Coleção Serra das Areias, volume 2.

Sou verbete no Dicionário do Escritor Goiano. TELES, José Mendonça Teles: Kelps, 2000. página 30 e no Dicionário Bibliográfico de Goiás, MARTINS, Mário Ribeiro. Rio de Janeiro: Máster, 1999, página 76.

Participei das seguintes antologias poéticas:

A nova poesia brasileira – Vol. III. Shogun Editora, 1983, Rio de Janeiro-RJ.

Escritores Brasileiros – Crisális Editora, 1985, Rio de Janeiro-RJ.

Palavra descalça – Edições Muiriquitã – Grafen Editora, 1987, Encantado-RS.

Lauréis – Volume III – João Scortecci Editora, 1988, São Paulo-SP.

Revista da UBE-GO nº 2 – Editora Kelps, 1982, Goiânia-GO.

Chuva de Poesia – Editora Kelps, 1992, Goiânia-GO.

Principais premiações e participações literárias:

- VI Concurso Ubirajara Galli de Poesia falada, cidade de Pires do Rio-Goiás. Melhor texto com o poema Poesia de vida fácil. 1990.

- Exposição Poesia no Plástico – Mostra de poemas de 43 poetas goianos, associados da UBE-GO, feita em plástico especial ligth-day, com exposição em Goiânia e Havana-Cuba. 1992;

- Poesia na Tela – Exposição de 15 poemas de autores goianos, ilustrados pelo artista plástico Elifas, em telas de 1X1,5 metros, na técnica acrílica sobre tela, no Museu de Arte de Goiânia. (outubro/1993);

- Concurso Troféu Ipê – 1980 – promovido pela Fundação Faculdade de Filosofia da cidade de Goiás, menção honrosa com o poema INUTILIDADES;

- 1º lugar no concurso Gremi/1980, realizado na cidade de Inhumas – Goiás, com o poema POESIA;

- 3º lugar no GREMI/1981, com o poema LAMENTAÇÕES;

- 3º lugar no GREMI/1982, com o poema EMBAIXADOR DO EU;

- Projeto Segunda Aberta – realização da Secretaria da Cultura de Goiás em parceria com o Instituto Goiano de Música e Dança e Associação dos Criadores musicais de Goiás ACRIM. Este projeto levara música e poesia aos bares da cidade de Goiânia, 1988;

- Projeto Poesia Circulante – Poemas com temas natalinos feitos adesivos, impressos em Silk-screen, e fixados no interior dos ônibus coletivos da frota urbana de Goiânia. Promoção da UBE-GO(Dezembro, 1992);

- 2º lugar no Concurso promovido pela Revista Oásis-Goiás, com o poema APOLOGÉTICA DO MEDO;

- Menção honrosa no Concurso Raimundo Corrêa – com o poema JANELA (Poema incluso na antologia Nova Poesia Brasileira, Vol. III, Shogun Editora);

- 1º Lugar no Concurso Gregório de Matos – com o poema EMENDA SUBSTITUTIVA DA COMISSÃO DE DIREITOS INDIVIDUAIS (incluso na Antologia Palavra descalça, 1986, Livraria e Editora Pena e Nanquim, Lageado-RS. (Poema vencedor entre 1544 trabalhos inscritos, tanto do Brasil quanto do exterior);

- Menção honrosa no VI Prêmio Scortecci de Poesia – com o poema SIGNIFICADO, 1987 (poema incluso na Antologia Lauréis, Vol. III, João Scortecci Editora);

- 5º lugar no concurso de poesia instituído pela Biblioteca Americano do Brasil – poema ITINERÁRIO, 1988;

- 3º lugar no 1º Fest Fala (Festival Iporaense de Poesia Falada) com o poema PALANQUE DE VIDRO, 1988.



terça-feira, 12 de março de 2019

VOLTANDO A FALAR DE SONHO


Sonho é matéria invisível
Igual carícia de vento
Pode ser lembrança vivida
Ou coisas que invento.

Quando meu coração
Acorda sorrindo
E diz que nada aconteceu
Sei que está mentindo.


Sabemos que segredos revelados em sono
Nem sempre são bem comportados
Preferível coração continuar mentindo
Do que poeta ficar mal falado.

terça-feira, 5 de março de 2019

SESSENTANEIDADE



Outra vez ouvi 
Os galopes dos corcéis
Em mais um fevereiro fugaz.

Lembro-me que nos fevereiros 
Da minha longínqua infância
Os corcéis passavam numa  vagareza madorrenta
Trotando os dias 
Em tardes sonolentas.

Agora não,
Eles passam lépidos
E mal chegam e já os vejo
Pelas costas, 
Deixando no ar uma poeira
Com cheiro de transitoriedade.

Mas estou feliz,
Aliás, muito feliz, porque
Não obstante a pecha
De me tornar um sexagenário,
Cumpro com virilidade
A rotina das expectações
Da maturidade.

Hoje posso dizer
Que me encontro pleno.
Inteiro em minhas metades somadas
Como meta da idade
Na plenitude da maturidade.

Se eu me encontrasse
Comigo mesmo 
Antes do momento da sobriedade
Com certeza não faria justiça
À outonal idade.

Que bom estar assim
Sem obrigações de cumprir metas
E estatísticas 
Apenas para satisfação alheia.
Agora posso transitar nas limitações reais da minha hominidade
Sem o peso das cobranças 
Da vil sociedade.

E livre do jugo
Julgo-me liberto da opressão
Completamente desapegado
Da farsa da perfeição.

Que delícia
É estar assim
Atado às asas de um beija-flor
E ter sobre os ombros
Apenas o peso da primavera
E a capacidade de voar
Como um condor.

Se a poesia me habilita
A uma medium/imunidade
Sinto muito pelos niilistas
Que são tristes e desdenham
Da juvenil efervescência
Possível na "terceira idade".






02/03/2019





sábado, 20 de outubro de 2018

III

Descanso minha pena
Em um tinteiro vazio.
Se não há escrita
Silenciosa será a desdita.
Quanto aos poemas
Que estavam em gestação
Pouco importam os temas.
Sem sementes, sem floração.

III

Não me acostumo
Com o silêncio de inspirações
E a Ausência de tempestades.
Quando o coração de um poeta se cala é sinal que a alma está vazia.
Prefiro a turbulência
Dos ruídos de ventos uivantes
E a inquietude
Verbal das paixões alucinantes.
Poesia de calmaria
(Às vezes)
Assemelha-se a uma lápide fria.



II

Desconheço meus limites
Quando me entrego à poesia.
Agora há pouco
Por pouco
Eu faria de uma metonímia
Meu quinhão de alegria.
Meus cabelos brancos
Carregam um milhão de ideias.
No meio do nada sou nada
Fazendo poesias,
Mas nado de braçada
Colorindo fantasias.



A CAMINHO DE ONDE?

De maneira simplista, geralmente, pensamos em caminho referindo a distância, a espaço percorrido ou a percorrer. Sabemos que o horizonte ne...