Em maio de 2007, lancei Sob o Signo de Eros, livro de poemas publicado com o apoio da Academia de Letras de Aparecida de Goiânia (ALAG), volume 2 da coleção Serra das Areias.
Sob o Signo de Eros é quarto livro de minha lavra. Reúne 31 poemas, cuja temática singra nas polêmicas e fascinantes águas do erotismo.
Desde que me entendo por gente, pequerrucho ainda, acocorado na cozinha da casa simples de Ivolândia, interior de Goiás, esperando que minha avó retirasse do forno a lenha os biscoitos que ela fazia como ninguém, sei que “sexo não é conversa pra criança, nem pra moça direita, nem pra mulher casada que se dá ao respeito”. Resumindo, é assunto proibido.
Pode até provocar risos dizer isso em pleno século XXI, quando as práticas sexuais recorrentes parecem propalar o contrário, principalmente se for levado em consideração a publicidade em torno do assunto. Entretanto, embora haja avalanches de publicações, científicas ou não, sobre o tema e, pesquisas e mais pesquisas, umas sérias, outras nem tanto, demonstradas em estatísticas que sinalizam para popularização do assunto, falar de “sexo” ainda gera “risinhos” ou olhares enviesados.
Nas “palavras iniciais” escritas a guisa de prefácio, pois não quis constranger amigos a prefaciar minha obra, saliento, dentre outras coisas, o seguinte:
Não há dúvidas que “sexo” é tema recorrente na história da humanidade e, não obstante sua realidade e importância, é tratado com reservas em decorrência da imposição das máscaras sociais. Entretanto, arte não se submete a amarras. Por este viés, o artista tem o privilégio de perscrutar os meandros dos desejos a partir do encantamento ante a inegável beleza do corpo, sobretudo o feminino, sem e ocupar em vestir a armadura da hipocrisia.
Ao optar por esse caminho, através da literatura, principalmente ao evocar práticas pouco convencionais, faço-o ciente que poderei provocar arrepios naqueles que, por ortodoxia, desejem colocar este livro na galeria dos “impróprios”, classificando-o como exemplo de “atentado à moral e aos bons costumes”. Por isso, apresso-me em dizer que em momento algum me deixei levar por uma intenção acintosa, ou que intente fazer apologia a este ou àquele comportamento.
Acredito na idéia de que a arte é concebida no imaginário do artista a partir de leituras feitas do mundo real. Isto é, arte brota da vida, do estar no mundo. (p. 11)
[...]
Muitas pessoas escrevem poemas, mas nem todos que o fazem são poetas. Para os poetas, estar no mundo é muito mais que existir nele. Não é necessário ser um mestre em literatura para saber a relação que os artistas estabelecem com a vida através da arte. Cada poeta, no seu tempo, pode contribuir, ainda que minimamente, com a construção do retrato literário de sua época. Futuramente, se saberá quem o fez.
Sinceramente não sei se minha luta literária vale a pena e, às vezes, me pergunto: escrever por quê ? Para quê? Para quem? Enquanto não tenho respostas, vou abusando da paciência da meia dúzia de leitores que tenho. Maktub.