Nascido na véspera do futuro, De que me adianta o brilho Néon do engano Se não consigo evitar a calvície De meus sonhos? Das cavernas, A angústia me consome. Da pedra lascada À Internet, Nada mudou. Nos cromossomos Somos os mesmos: Pânico diluído nos gens. Se a cabala fala, O que me cala é o medo Que meço a polegadas No tic-tac de meus dias.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2009
ABANDONADOS
A Serra espelha-se no Mar,
O Sol brilha e aquece
E a desumanidade permanece,
Nos animais abandonados
Perdidos, maltratados.
Trinta cães no Cimo da Serra
Nove no Portinho da Arrábida,
Abandonados por aqueles
De quem foram, amigos fiéis.
O tempo estava quente,
A Serra brilhava
As cigarras cantavam
O mar enrolava
A areia da praia,
As crianças brincavam.
E eles perdidos
Abandonados
Sem água,
Sem casa,
Sem vida,
Sem comida,
Uivavam…
Num cântico negro
Desesperado!
Eles estão amedrontados
Abandonados,
Formam matilhas
Seguem as trilhas
Vêm à estrada
E esperam aqueles
A quem amavam.
Eles não voltam,
Eles não sabem
E esperam a bênção
De um afago,
A beleza da Serra
Está manchada
Por gente,
Que deixou de ser gente
Quando os abandonaram!
A Serra encanta
O peregrino sequioso,
Ao longe o mar
Toca seu canto doce…
Eu não volto à Serra!
Não posso voltar,
Olhar e nada fazer
E esquecer
E não ver
À minha volta,
O que se vai passar.
E tenho de viver,
Nada posso fazer
Tenho de esquecer!
Mas fica escrito
No vento,
O que acabo de dizer.
Maria Luísa O. M. Adães em http://prosa-poetica.blogs.sapo.pt/
Agradeço à poeta Maria Luísa à belíssima manifestação de humanidade por meioo da poesia. Lá de Portugal para o mundo, sua poesia é um grito de denúncia contra todos que se desumanizaram abandonando aqueles que foram am igos fiéis. A cada dia que passa, mais me encanto com a fidelidade canina. Aprendessem os homens o exemplo desses animais, o mundo seria diferente, para melhor, é claro.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
A CAMINHO DE ONDE?
De maneira simplista, geralmente, pensamos em caminho referindo a distância, a espaço percorrido ou a percorrer. Sabemos que o horizonte ne...
-
Borboleta esculpida em veludo. Asas e mistérios na silhueta bipartida. Uno corpo e mil segredos mimetizados nas peludas paredes do Casulo...
-
Meu ofício não é fácil, Mas ser poeta é minha sina. Tenho instinto de cavalo selvagem, Galopar nu, sem arreios, me fascina. ...
-
O AUTOR POR ELE MESMO Sou natural de Ivolândia-GO, nascido aos 28 de fevereiro de 1959, residente no município de Aparecida de Goiân...
Agradeço trazer o poema "Abandonados" ao mundo.
ResponderExcluirPossa o meu grito de angústia tocar os corações
e a situação que descrevo _ "deixar de acontecer"...
Ao Poeta Almaquio, agradeço sua sensibilidade.
Maria Luísa Adães
Gostei de encontrar os meua "Abandonados"
ResponderExcluirem lugar de destaque pelo poeta Almaquio.
Possa Deus ajudar, para que através da poesia,
o mundo seja mais gentil e se possa sorrir a
cada passo.
com carinho,
Maria Luísa O. M. Adães