domingo, 27 de dezembro de 2009

VARANDA DE LOUCURAS

Há um silencio de carinho

Nos corredores do mundo.
A população da terra,
Desenganada de afeto,
Espera resignada
O vídeo taipe da primavera que passou.


Ainda ontem, éramos crianças,
Brincando de construir futuro
No quintal da infância.
O tempo de amar
É escasso no ciclo dos mortais!


Por isso, em tuas mãos entrego-me,
Dispo-me de pudor
Para o ato do abraço.
Vem e faz de mim
A lúdica fantasia
Em teu alegre novelo
De sonhos impublicáveis.


Ao quedar-te embevecida,
Rompa o halo e o elo
Do medo.
Ao atar-me,
Dispa-se do pré-conceito
De amar o amor.


Abandone o sentimento
Milimetrado,
O prazer bem comportado,
Em que a vírgula
Determina o fôlego,
O gemido,
O grito.


Dispa-se inteira.
Rasgue o manual
De etiquetas em despedaços
e livre, sirva-te de pêssegos
em minha varanda de loucuras.







Vem colher amoras maduras
Em meus galhos pejados.
Vem vestir-te de vento
No pomar deste outono
Que pode nunca mais existir.
No ciclo das estações,
A única certeza é a alegria
Das borboletas
Que semeiam vida
No sexo das flores.


Vem olhar pela janela
De meus olhos o frio de afeto
Que faz lá fora de nossos corpos.
Vem mostrar-me a orquídea
Guardada entre suas coxas.



Deixa-me passear em teu jardim,
Sentir o aroma de flores exóticas
E colher frutos silvestres
Maduros de desejos.


Há um silêncio de carinho
Nos corredores do mundo!





BASTOS, Almáquio. Ciclo do nada. Goiânia:1996. p.71
Poema premiado em 2º lugar no Concurso Nacional Cidade de Mineiros – 1995.

4 comentários:

  1. Lindo o seu poema. Simplesmente brilhante.

    Adorei! Já respondi ao poema "Abandonados".

    obrigada,

    Maria luísa

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  2. Obrigado Poeta Maria Luísa. Seu poema "Abandonados" valorizou meu Blog e muito me sensibilizou. Espero que continue sensibilizando muitas outras pessoas. Abraços poéticos.

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  3. Poeta Almaquio

    É dificil sensibilizar corações
    que deixaram de amar.

    Mas vou tentar sempre,
    é um destino
    que me propuz cumprir.

    Beijos da amiga de Lisboa (Portugal)
    e os meus agradecimentos, à sua ternura e
    sensibilidade poética.

    Maria Luísa Adães

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  4. "Há um silêncio de carinho
    nos corredores do mundo!"

    linda esta forma de dizer. Adorei!

    Maria Luísa

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