quarta-feira, 13 de julho de 2016

INSÔNIA II (ou simplesmente, REALIDADE VIRTUAL)



Novamente o interruptor do sono emperrou,
Mas desta feita não me dobrei ante ao agônico martírio
Provocado pelo tropel do exército de angústias
Eivados pelas cotidianas preocupações.

Num exorcismo solitário e silencioso,
Expulsei do quarto os zumbis, assombrações,
Boletos bancários, compromissos chatos pré-agendados,
Toda sorte de fantasmas.

Decidi não permitir que minha mente encarrilhasse
Palavras poéticas sobre trilhos de insana lucidez.

Ato contínuo,
Invoquei belas ninfas do olimpo,
Convidei Penélope, esposa de Odisseu
E as sereias que o seduziram.

Não me esqueci de chamar a fogosa Madame Emma Bovary,
E não deixaria de fora a Machadiana musa da dúvida, Capitu.

Na minha Pasárgada, sou o próprio rei.
Mas o lento gotejar de minha noite insone
Deixaram as convivas entediadas
E uma a uma, todas resolveram me abandonar.

Novamente só, de volta à metafísica trincheira que abriga poetas
desterrados de si mesmos, num lampejo, vi alhures um vulto seu.

No lusco-fusco,
Abracei-me aos feixes de luz
Fixados na linha limítrofe do delírio e realidade,
Encantado ante sua holográfica nudez.

Só de imaginá-la
no panties
O sol voltou a brilhar em meu oásis. 

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