Novamente o
interruptor do sono emperrou,
Mas desta feita
não me dobrei ante ao agônico martírio
Provocado pelo
tropel do exército de angústias
Eivados pelas
cotidianas preocupações.
Num exorcismo solitário
e silencioso,
Expulsei do quarto
os zumbis, assombrações,
Boletos bancários,
compromissos chatos pré-agendados,
Toda sorte de
fantasmas.
Decidi não permitir
que minha mente encarrilhasse
Palavras poéticas sobre
trilhos de insana lucidez.
Ato contínuo,
Invoquei belas ninfas
do olimpo,
Convidei Penélope,
esposa de Odisseu
E as sereias que o
seduziram.
Não me esqueci de chamar
a fogosa Madame Emma Bovary,
E não deixaria de
fora a Machadiana musa da dúvida, Capitu.
Na minha
Pasárgada, sou o próprio rei.
Mas o lento
gotejar de minha noite insone
Deixaram as convivas
entediadas
E uma a uma, todas
resolveram me abandonar.
Novamente só, de
volta à metafísica trincheira que abriga poetas
desterrados de si
mesmos, num lampejo, vi alhures um vulto seu.
No lusco-fusco,
Abracei-me aos
feixes de luz
Fixados na linha
limítrofe do delírio e realidade,
Encantado ante sua
holográfica nudez.
Só de imaginá-la
no panties
O sol voltou a brilhar
em meu oásis.
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