quinta-feira, 20 de outubro de 2016

RASCUNHO DE IDEIAS



Nesta noite de outubro
Em horário de verão primaveril
Aqui estou
Tentando rascunhar ideias coloridas
Nas brancas páginas de minhas elucubrações.

No escopo de mil pensamentos,
Diagramas confusos
São projetados por um  data show
Fora do meu controle e
No vai e vem de minhas inúteis tentativas
Flashes de lembranças e devaneios
Insistem em piscar
 In-ter-mi-tem-te-men-te
Me enchendo de porquês
Que não sei responder.



Como esquecer a mágica alegria
Sentida ao lambuzar minha boca
Com o sumo da amora madura
Colhida às escondidas
No canteiro das travessuras inconfessáveis?

O que dizer do sabor da uva
E sua delicada tez de vulva
tenra e túmida em sua beleza única
Que existe somente
No doce pomar de loucuras?

Como ignorar a dança das labaredas
E suas ígneas línguas
Lambendo paredes metafísicas
Na alcova do poeta no exílio?

Como não invocar o encanto
Do oásis de meus delírios,
Shangri-lá de metáforas ululantes
Fonte de êxtase e prazeres ruidosos,
Onde Sol e brisa fazem minha alforria?

Impossível esquecer
A beleza misteriosa da madrepérola
Nascida na concha de Afrodite.

Sei que na cona de Vênus
Repousa a belíssima joia de alto relevo
Hipocentro dos abalos sísmicos
Que move a humanidade
e é ali  que Zeus ocultou segredos
Indispensáveis à poesia.

Entretanto estou aqui
Preso ao desespero da busca do texto

Não fosse o poder ilimitado da imaginação
Estaria desterrado e atado ao totem da desilusão
Escravo do rito de remover ruínas  
Seria carrasco de mim mesmo
destinado ao ócio de colher os segundos
Vazados da ampulheta da solidão
E sequer as mandrágoras
Nascidas sob o cadafalso da saudade
Trariam um átimo de emoção.


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