quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

SONHO DE UMA NOITE DE VERÃO *





Meu ofício não é fácil,
Mas ser poeta é minha sina.
Tenho instinto de cavalo selvagem,
Galopar nu, sem arreios, me fascina.

No árduo exercício de ser quem sou
Sei que o talvez é a única certeza.
O vão entre o real ao imaginário
É águas profundas, dúbia correnteza.

Na dúvida, opto por ser visionário
Na certeza, viajo com o pé no freio. 

Por isso, não escondo minha alegria
Ao degredar-me em meu oásis de fantasias
Onde minha Bandeira é ser amigo do rei,
Hóspede na Pasárgada para onde fugirei.

Do conforto do meu travesseiro,
No átimo de um segundo
Voo para um paraíso distante.
Na vida real sou apenas forasteiro.

Na ânsia de levitar, viajando fora de mim
Em um dia de verão
Pousei em uma floresta encantada
Onde a seiva da mágica flor me enfeitiçou

Nem fadas, nem elfos, conseguiram me dissuadir.
Ao contemplar a beleza da Ninfa,
deusa que habita lagos e florestas da natureza,
Quedei-me em transe, sem forças para fugir.

Shakespeare tinha razão,
O poder mágico da seiva da flor
Não é mito, não é ilusão.
Como não encantar-se  ante o poder do amor? 







** A Midsummer Night's Dream (br/pt: Sonho de uma Noite de Verão) é uma peça teatral da autoria de William Shakespeare, uma comédia escrita em meados da década de 1590. Pensa-se que Shakespeare tenha escrito o "Sonho de uma noite de verão" sensivelmente ao mesmo tempo que o Romeu e Julieta e, de facto, existem muitos pontos de contacto entre as histórias: Egeu quer casar Hérmia à força com Demétrio, assim como Píramo e Tisbe acabam mortos por questões de amor, ainda que numa perspectiva cômica.


Fotografia : http://inovacult.com/girls/ninfa-karen-ribas/

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