quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

DEPOIS DO POEMA DERRADEIRO



Minto quando digo
Que não lhe escreverei mais. 
Poeta não tem palavra. 
Poeta é palavra.

Depois do poema derradeiro
Sempre tem outro
Com aroma de primeiro.

Na soma dos sentimentos
Matemática mente
Se o poeta não fala o que sente.

Meus pensamentos 
Não me pertencem 
Quando viram poemas.
Tornam-se lúmens estelares
Que viajam errantes
Na alma dos amantes.

A quem pertence o brilho faiscante
Das estrelas se não quem o vê?
Impossível terceirizar encantamentos.


Quando digo que não lhe escreverei mais
Já estarei fazendo o que disse
Não fazer jamais.

Desejo é mais que palavras.

Poeta é homem comum,
Embora aspire ser singular.
O que o difere dos demais
São as vírgulas,
                      as reticências
                                           e os plurais.

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