Há sempre uma pequena percentagem de inimaginável.
Milan Kundera
O que guarda o Poeta
Em seu baú de travessuras inconfessáveis?
Pergunta-me a Afrodite
Por pura curiosidade.
Ah, venerável deusa da beleza!
Grandes são os segredos
Que este poeta guarda encarcerado
Na alcova de seus degredos.
Que este poeta guarda encarcerado
Na alcova de seus degredos.
Assim como a caixa de Pandora,
Temeridade abrir inadvertidamente.
Se os deuses puniram Prometeu,
O que fariam a um pequeno poeta imprevidente?
Na verdade vivo um dilema, no mínimo, surreal
Dividido entre mito e realidade
Parte de mim é sujeito simples
Outra parte é plural.
Saiba que as palavras são pífios
Peões no tabuleiro nesse xadrez imaginário,
Peões no tabuleiro nesse xadrez imaginário,
mas as metáforas tem poder
De combustível incendiário.
Não seria prudente revelar
O enigma das homéricas fantasias
feitas com frágeis incógnitas metafóricas
Não seria prudente revelar
O enigma das homéricas fantasias
feitas com frágeis incógnitas metafóricas
Na formação dos alicerces da poesia.
A doce loucura de meus ígneos poemas incandescentes
Guardados nesse virtual baú proibido
São relatos das oníricas viagens
Pelas fantásticas paisagens da libido.
Travessuras inconfessáveis, minha deusa,
São como o brilho do desejo dos pirilampos.
Enquanto outros percebem apenas um brilho luminescente,
A doce loucura de meus ígneos poemas incandescentes
Guardados nesse virtual baú proibido
São relatos das oníricas viagens
Pelas fantásticas paisagens da libido.
Travessuras inconfessáveis, minha deusa,
São como o brilho do desejo dos pirilampos.
Enquanto outros percebem apenas um brilho luminescente,
Eu vejo vaga-lumes
em desejo ardente.
Saiba que poetas
também brilham
Quando veem a
nudez da musa
E poetizam em versos
relâmpagos
Ainda que se
encantem por medusa
Bela Afrodite, Todo esse arsenal de loucuras
Faz parte do tesouro secreto
Guardado em meu baú de travessuras inconfessáveis.
Sou um poeta que ama desvendar mistérios
Os quais ficam segredados nesse baú virtual
Sei, por exemplo, dos artifícios de Penélope
Para postergar um iminente martírio sexual.
Sei também os segredos de Capitu,
Madame Bovary, La belle de Jour
E todas as especulações, mentiras e invenções
Que oscilam no espiral de ilações.
Mas as coisas não são tão simples assim, Vênus
idolatrada,
Assim como Tomas, padeço dos males
Da dualidade ontológica de cada ser.
Perene é minha angústia poética para desnudar
O pequeno percentual de inimaginável,
O milionésimo de diferente que existe
Na Insustentável leveza de cada mulher.
Bem sei a diferença entre mito e realidade,
E os riscos de se viver nas duas dimensões
Saiba que sofre este poeta a dor real das paixões
Até no desvario fantasioso da virtualidade.
Nenhum comentário:
Postar um comentário