Quando
estou entregue às divagações
Costumo
brincar de desnudar palavras
Só para
ver as reações.
Nuas,
como saem do dicionário,
Elas
revelam apenas o necessário.
Entretanto,
cada palavra tem muito mais
Além do
singelo significado que ela traz.
O plus
depende do contexto
Ainda que
seja tão somente um pretexto.
É comum ao dicionário falhar
Na sua valiosíssima função de definir,
Simplesmente porque toda definição
É técnica, pautada no significado cru,
Sem emoção de força motriz.
A poesia não se alimenta
De sentido sem sentimento.
Quando a palavra não fala,
É a alma
do poeta que se cala.
Por
exemplo:
Hoje
resolvi brincar com a palavra musa
E
descobri o que minha alma de poeta já sabia.
No
dicionário pouco há que me seduza,
Porque é
apenas substantivo feminino, sem magia.
Já no
texto poético a palavra sobeja beleza
E emana
encanto sem igual.
Não há
como ignorar a grandeza,
Seja ela
feminino, singular ou plural.
Eis aí a
razão de meu lírico desespero
Ao ser
impactado pela magia do encantamento.
Não é à
toa o labor poético com esmero
Quando a
poieses se manifesta em sentimento.
Ser musa
é mais que ser deusa, filha de Zeus,
Presa no
Olimpo, nas páginas da mitologia.
É ser
mulher real que encanta e seduz os olhos meus
E por
isso se torna deusa em minha poesia.
A simples
pronúncia da palavra é inspiração,
Fonte de
insanos desejos e singela ternura
Que faz
meus hormônios entrar em erupção
Ou meu
coração quedar-se embevecido de candura.
Musa é
face amiga, beleza contida e respeitada
Encantamento
guardado na contemplação.
Musa é
fêmea no cio, pelo poeta desnudada.
É
volúpia vencendo o pudor, é amor em ação.
Eis aí a
minha definição poética
Da
palavra que não é muda, mas é musa que fala.
Paradoxo
para alma insensível ou cética,
Mas que
para mim é avalanche de encantos
Que meus alicerces abala.
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