Meus desejos de
poeta
Tem rompantes de
rio
Quando transbordam
Escolhem caminhos inusitados
Como versos
improvisados.
Na rotina diária
Meu desejo é a
calmaria das correntes cristalinas
Que sem pressa vão rolando seixos no perau.
Que sem pressa vão rolando seixos no perau.
Nesses momentos
Quero a suavidade
de brisa
A roçar madeixas
Fazendo bailar as
mechas livres
Entregues ao
capricho do vento.
Divirto-me brincando de beijar e beijar
Pelo prazer de
colher arrepios
Denunciados na
pele com pelos eriçados.
Ocupo-me em recitar
tolas obscenidades
Com minha boca
quase colada aos ouvidos
Usando palavras
quentes e sussurros molhados
Cheios de um
lirismo idílico
Capaz de violentar
a inocência dos fêmeos sentidos.
Nesse ritual dos
loucos devaneios
Quero derramar vinho
na taça do umbigo
Para fazer ode a
Baco.
Ficarei olhando o
líquido escorrer
Entre as sendas
proibidas
Até eu interceptar
o pequeno rio colorido
Com meu beijo atrevido.
Todavia,
Noutros momentos
Noutros momentos
Meu desejo é como
Rio revolto com
sinuosas corredeiras.
Águas que se
deslocam
Em redemoinhos sem
freios
E vencem os
obstáculos das pedras
E se lançam em
sucessivas cachoeiras.
Nesses momentos
Sou Ulisses que
não resiste ao seu canto de sereia
E rompe as amarras
E se lança ao mar bravio
A fim de escrever
A peripécia de
suas loucas aventuras.
No louco enredo, a
fêmea sereia imobilizada
Sente a fúria do
guerreiro indomado
Que arrebata o
êxtase de sua musa encantada.
Dominada, ela não
resiste e insiste
Para que o desejo
do poeta não cesse
E seja mágica poesia
no verso e no anverso.
Assim, não há tempo para
hiatos
E minhas mãos
agarram as madeixas
Antes entregues à
brisa
E fazem-nas por
rédeas
Num galope
empírico.
Não me dou por
vencido
Até que o grito em
sustenido
Complete a rima e o
acorde surreal
Do mágico poema experimental.
Evoé Baco!
Nenhum comentário:
Postar um comentário