terça-feira, 25 de julho de 2017

DOS CHEIROS E SABORES NA DEGUSTAÇÃO DOS LICORES



Oh, lindo pomar de doçuras!
- Afrodite de meu desassossego -
Sua beleza com cheiro de cio
me enlouquece.”
Almáquio Bastos*



De volta ao meu pomar de loucuras

Faço-me passageiro do sonho

Em oníricas travessuras.



No ato da entrega aos loucos devaneios

Não meço as consequências

Para saciar minha sede dos anseios.



Sei que não é por acaso

Que acontece o ocaso

E que, de igual forma, não é casual

A aurora boreal.


A flor que amor tece

E ilude na vida

No coração floresce

Antes de mostrar-se na lida.


Ser poeta não é fácil.

Pelo contrário, é difícil viver no mundo real

Tendo ao alcance

As possibilidades do universo surreal.



Soma-se a isso o sexto sentido

E poções mágicas de fantasias

Essência de desejo proibido

E lampejos de poesias.


Foi assim que caminhando sob parreiras pejadas,

Maravilhado ante frutos prontos para colheita,

Invoquei Baco já com preces premeditadas

Pra que Afrodite se mostrasse, ainda que em silhueta.


Mal minha prece chegou ao fim

Você, na contraluz, apareceu pra mim.

__Ai, meu Zeus, pensei, porque fostes tão cruel

Por causa do fogo roubado por Prometeu?!

Soubessem os deuses de minha agonia

Não me teriam dado o dom da poesia.



Pelos grilhões do encanto algemado

Esqueci a sina de Pandora

E quando já estava, totalmente, dominado

Percebi que a lucidez tinha ido embora.



Meu pomar tem cheiros e sabores diversos

Oásis onde licores se misturam se medo

De que a vida que transcende os versos

Nos puna com os ritos do degredo.



Tamanha perfeição e beleza, pensei comigo,

Não pode ser delírio deste pequeno poeta sonhador.

Ainda que Baco me tivesse por inimigo

Não me iludiria com tamanho esplendor.






* Bastos, Almáquio. In Pomar de Loucuras,


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