quinta-feira, 23 de agosto de 2018

POEMA IMAGINÁRIO





Faço do silêncio
Dos meus pensamentos
Um poema sem palavras.
Cheiros e sons misturados
Num texto que não se escreve com 
Recursos da gramática tradicional.
Segredos guardados em enigmas
De sinapses intraduzíveis,
Metáforas que não cabem
Em versos convencionais.

Eu pensei que conseguiria
Fugir da poesia,
E acreditei em mim
Até que um fio de luz
Vazou a cortina de meus olhos
Num lampejo que não se traduz.

Minha perdição
É me achar na ilusão.

Meu verso sem palavras
Tem gosto de ambrosia
Na consumação empírica da poesia.
É transgressão institucionalizada
Pela força da emoção.

Meu verso sem palavras
É fácil de explicar
Para quem sabe ler poemas escritos na pele,
No modo braille de sentir e falar.

No silêncio dos meus pensamentos
Escrevo este poema imaginário.
É um poema sem dedicatória
Sem epígrafe e sem explicação
E Nem precisaria
Porque poesia não se explica.
Só entende quem sabe ler
As entrelinhas da emoção.

Meu poema imaginário
Não é feito de silabas e vocábulos,
É feito de loucuras inimagináveis,
Mistérios alimentados com cheiro inebriante de êxtases proibidas,
É feito com o prazer de sentir o gosto gostoso de bocas
Que se encontram em eventos de beijos roubados em segredo.
É feito com as sinapses de memória sinestésica provocada
Pelos sussurros de desejos impublicáveis que alimentam a chama que incendeia a alma dos amantes.

Este poema imaginário
Não cabe na minha memória silenciosa e,
Por isso,
Salta pela janela de meus olhos
E me trai
Com um brilho de sol que não sei explicar.

Este poema não tem título,
Nem lógica,
Nem pretensão.

Só desejo e imaginação.



23/08/2018
22hs:10min

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