Desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo, desejo....Repito a palavra inúmeras vezes até sentir que a pronúncia soa despida de significados. Pura, tomo-a cuidadosamente nas mãos e a deixo permanecer inerte, sem cor, sem brilho, sem forma, sem sentido, presa, unicamente, a etimologia pênsil pelo fio de meu olhar que a mira como a um objeto desconhecido.
A concepção de qualquer palavra acontece primeiramente no mundo das ideias. Ali, a semente de todas pré existe. Antes de ser pensada, pronunciada ou escrita, ela pacientemente aguarda o momento da cópula metafísica, sinapse, quando signo e significante se juntam na formação do embrião que resultará na unidade mínima com som e significado e então poderá representar alguma coisa substantivamente e contentar-se, resignada, ao isolamento dicionário, o que não é pouco.
Mas, se ela se permitir a novas experiências e se acasalar com outras palavras de classes gramaticais diferentes, poderá, por exemplo, em seu acme, explodir-se em um orgasmo semântico na alcova de algum poema.
Isolada, a palavra é apenas palavra. Desejo, por exemplo, é apenas palavra, ou seja, substantivo masculino, dicionariamente, definível e nada mais que isso.
Mas em você meu desejo cresce. Por isso, quando olho seus olhos e vejo o que os seus não vêem, na volúpia de meus pensamentos, o paradoxo de concretiza e o mesmo desejo que me cega ilumina meus sentidos.
Isso é poesia.
Vencido, descerro as venezianas de minha mente e caminho rumo a luz da ilusão. Absorto, vejo-a nua na minha mente, não como a uma palavra, mas como a personificação do desejo que me incendeia. Vejo-a nua como a flor que, em manhã primaveril, abre suas pétalas e se entrega, sem pudor, ao beija-flor que a cortejou. Vejo-a nua como uma Ninfa que, distraidamente, povoa pensamentos sem se dar conta dos incêndios que provoca. Vejo-a nua, simplesmente nua, mulher, fêmea linda, musa que tinge de arco-íris meu imaginário.
Assim, desejo é mais que palavra.
Caro, poeta, onde achou essa réplica tão perfeita: os lábios que a muito não me beijam desplastificados, são os medos do mundo futurista. Mas, desejo é uma palavra forte e eterna. Valeu Campeão!
ResponderExcluir