Há um silencio de carinho
Nos corredores do mundo.
A população da terra,
Desenganada de afeto,
Espera resignada
O vídeo taipe da primavera que passou.
Ainda ontem, éramos crianças,
Brincando de construir futuro
No quintal da infância.
O tempo de amar
É escasso no ciclo dos mortais!
Por isso, em tuas mãos entrego-me,
Dispo-me de pudor
Para o ato do abraço.
Vem e faz de mim
A lúdica fantasia
Em teu alegre novelo
De sonhos impublicáveis.
Ao quedar-te embevecida,
Rompa o halo e o elo
Do medo.
Ao atar-me,
Dispa-se do pré-conceito
De amar o amor.
Abandone o sentimento
Milimetrado,
O prazer bem comportado,
Em que a vírgula
Determina o fôlego,
O gemido,
O grito.
Dispa-se inteira.
Rasgue o manual
De etiquetas em des
pe
da
ços
e livre, sirva-te de pêssegos
em minha varanda de loucuras.
Vem colher amoras maduras
Em meus galhos pejados.
Vem vestir-te de vento
No pomar deste outono
Que pode nunca mais existir.
No ciclo das estações
A única certeza é a alegria
Das borboletas
Que semeiam vida
No sexo das flores.
Vem olhar pela janela
De meus olhos o frio de afeto
Que faz lá fora de nossos corpos.
Vem mostrar-me a orquídea
Guardada entre suas coxas.
Deixa-me passear em teu jardim,
Sentir o aroma de flores exóticas
E colher frutos silvestres
Maduros de desejos.
Há um silêncio de carinho
Nos corredores do mundo!
BASTOS, Almáquio. Ciclo do nada. Goiânia:1996. p.71
Poema premiado em 2º lugar no Concurso Nacional Cidade de Mineiros – 1995.
Você sabe como ninguém colocar em palavras sentimentos que para muitos são ignorados.
ResponderExcluirBelo Poema
Lya
...e assim vivemos, lembrando da boas coisas da vida...olhando da varanda de nós, vivemos.
ResponderExcluirbeijo!
...simplesmente incrível! como se é exaltado o ato de amar...a sublimidade das palavras derruba os falsos pudores...simplesmente lindo meu amigo, bjoss!!!
ResponderExcluirMeus parabéns, adoro ler as poesias de um verdadeiro poeta
ResponderExcluirTe acompanharei, no meu humilde blog, que perto da seu minhas palavras tornam-se mortas
izil