quarta-feira, 23 de março de 2016

POIESIS OUTONAL





Quando estou só,

Aproveito a oportunidade para me encontrar.

Entendo que em solilóquios

Engendro mais facilmente a arquitetura ideal de meu shangri-La.



Agora mesmo, nesta noite de inicio de outono,

Sentado em minha cadeira de balanço,

Na varanda de minhas elucubrações,

Passo o tempo vigiando estrelas,

Longa mente,

Como quem espera, resignado, assistir ao espetáculo luminoso,

De alguma estrela cadente, em momento de petições. 



Assim, ocupado

Com a tessitura de meus sonhos

Feitos com retalhos de acordes imaginários,

Passeio em meu jardim de orquídeas e de lírios,

Colhendo os reflexos do brilho estelar, esparramados em meu quintal.



Por isso sou poeta. Faço do ócio um ofício.

Mas não sou homem de me esconder entre segredos e meias palavras.

Mesmo quando estou manietado pela solidão,

Ou quando estou surfando sobre as asas de um trovão,

Verbalizo sem rodeios os versos e anversos de meus anseios.



Quanto a você que agora me lê, um alerta:



Nunca tente desvendar a lógica da poesia.

Se quer sentir na pele o suave fremir provocado

Pelos arrulhos da minha alma ave de arribação,

Livre-se de suas algemas,

Dispa-se dos conceitos fossilizados,

Vista-se de nudez de pensamentos,

E se entregue ao salto sem vendas e sem asas

No cânion de seus desejos inconfessáveis.

Às vezes, é na grande fenda de falésias metafísicas

Que se formam os ninhos do pássaro encantado que procuramos.

  




Só assim, lançando-se ao abissal universo das possibilidades,

Você será capaz de ouvir a ruidosa alegria

Das metáforas em festa de alforria,

Após longo cárcere nos porões da imaginação.



Por tudo isso

E pelo brilho das estrelas que seus olhos, atônitos, colherá,

Valerá a pena a coragem de ousar.





Para mim, a validação da ousadia se consuma

(No ato do nascimento da poiesis, que abandonada entre entulhos,

Esquecida, há muito, no amontoado de frustrações guardadas

Nos escaninhos da memória),

quando o eu lírico consegue se libertar. 



Alforriada a alma inquieta,

Toda fantasia volta à vida real e,

No contexto, o texto vai se formando,

Sílaba a sílaba,

Palavra a palavra,

Verso a verso,



Por fim, o poema gestado,

- Significado e significante -

Se exibe no corpo do signo magnificado.  



Neste momento,

Sopram os deuses o fôlego da magia.

Eis a poiesis! Eis a poesia!  






Poema iniciado na noite outonal de 21 de março de 2016 e concluído na noite do dia 23, seguinte, às 23:29horas. Hora da postagem.


segunda-feira, 14 de março de 2016

CÂNTICO AO ENLEVO



Na ponta do trovão andei
recolhendo o sal no rosto
            e do oceano, na boca,
o coração de vendaval
eu vi o estrondor até o zênite,
morder o céu e cuspi-lo.
 Pablo Neruda

                             

Não é à toa que me inspiras.
Desde o antes,
Todos os iluminados
Quedam-se ante tua beleza.

Na soma dos esforços,
Poeta tupiniquim que sou,
Pouco me custa me encantar.
Desejo-te como quem anseia
Andar descalço sobre nuvens,
Só para ver-te, inteiramente nua,
Fazendo acordes em sol maior,
Nos píncaros do zênite.

Ao ver-te despida, me entrego por inteiro
À  arte de encantar.

Teu corpo feito de sílabas e versos,
Estrofe a estrofe,
Sintetizam a magia do oásis
Feito de metáforas com intenções metalinguísticas.
E como eu amo a magia decantada da contemplação!

Amo, amo, amo.
Amo intensamente sentir o romantismo agônico
Oriundo do arfar orgástico de teus “suspiros poéticos e saudades”,
Saudade que não é só tua,
Porque antes de ver-te,
Nua,
Mimetizada no arco íris de minha imaginação,
Eu já a desejava, doce poesia. 




(Dia 14 de março, dia da poesia.Ode a ela!)

sábado, 12 de março de 2016

POEMAGIA




Parei de fumar antes de experimentar


O primeiro cigarro.

Esta foi uma decisão que me deu a

Paz de não sofrer a agonia de não conseguir.



Na vida, esta regra vale para

Quase tudo.

Mas não vale, por exemplo, para o amor.



Quando decidimos não experimentar o amor,

Já estamos amando.

Simples assim.



O amor é como aquele ninho

De beija-flor esquecido numa galha

De uma árvore do quintal, que descobrimos,

Por acaso, numa manhã de sábado de sol,

Quando olhamos, despreocupadamente,

 Pela janela do quarto.



A partir da descoberta,

Aquela árvore nunca mais será a mesma.

Voltaremos à janela todos os dias,
A cada manhã,

 sem saber, 

Que já estamos dependentes do amor
Da magia,

E da poesia.

   
Sábado, 12/03/2016




A CAMINHO DE ONDE?

De maneira simplista, geralmente, pensamos em caminho referindo a distância, a espaço percorrido ou a percorrer. Sabemos que o horizonte ne...