terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

PEQUENO POEMA PROSAICO



Desvendei seus segredos
Quando abri as cortinas de seus olhos
E vi fótons de brilho sapeca
Iluminando o seu olhar.

Também vi quando seus lábios silenciosos
Desenhados em vermelho carmim
Respondiam “não”, querendo dizer “sim”

Mas aí já era tarde,
Ainda que debalde você
Desviasse o olhar.

Com delicadeza acariciei seus cabelos
E aproximei minha boca
Bem rente aos seus ouvidos,
 E então sussurrei baixinho,
Com voz grave e pausada, declarei minha petição:
Oh! Doce pomar de loucuras,
Deixe-me sugar o sabor de suas amoras maduras.

Ato contínuo
Senti que seu corpo
De leve estremeceu
Num pequeno abalo sísmico
Que atingiu o meu.

Seus lábios carmim se moveram
Com encanto de escultura viva
E verbalizaram baixinho
Mo-no-si-la-bi-ca-men-te: “Não”,
(Como se me contassem um segredo)
Mas seus pelos arrepiados
Diziam-me que você estava mentindo.

Abracei-a por trás,
Contemplando sua nuca
Lindamente desenhada
E novamente sussurrei:
Quero passear com minha boca
Em seu jardim secreto
E feito um colibri embevecido
Quero semear mil beijos
No canteiro de suas pétalas orvalhadas.
Quero provar o ardor e a doçura
Da fruta madura
Linda textura aveludada
Em seus gomos intumescidos.


Não houve resposta,
Não houve palavra.
Apenas uma lira ecoava ao longe.

Como em um sonho que se sonha acordado
Verso e vício se fundiram na minha imaginação
E silente viajei na lírica fantasia.

Meus pensamentos transformados em letras
São pássaros de arribação
Depois de alinhavados em versos
Voam livres

Levando meu coração. 

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