Comecinho de fevereiro, manhã de verão,
Quando a luz do sol coada entre as folhas
Esparramava-se pelo chão,
Flagrei um beija-flor
Sugando, sem pudor, o néctar da Amélia.
A linda flor inocência fingiu
E entregou-se sem hesitação
Aos prazeres da polinização.
Alado que sou,
De imediato viajei na imaginação
Pensando nas possibilidades do amor.
Vi que a ave amava com maestria
Batendo asas e sugando a flor suspenso no ar.
Enfeitiçado ante a beleza, eu, poeta voyeur,
Espiava a dança de amor transbordante de poesia.
Na ânsia da expectativa
Imaginei-me sorvendo o sumo de amoras maduras
No pomar dos meus delírios.
O que é o sonho
Senão a expectação? Pensei.
A arte de bolinar flores
Não é exclusiva dos polinizadores.
Poetas também sabem voar e amam beijar.
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