domingo, 30 de julho de 2017

BILHETE DE DESPEDIDA



Parti, sim parti,

Mas não fui sozinho.

Para o exílio levei comigo

Meu coração vazio de poesia.



Não poucas vezes

Fui ao pomar de loucuras

A sua procura.

Em vão meus pés

Trilharam nos vãos das ilusões

E sem alcançar a magia do seu olhar,

Desistiram de procurar.



Na despedida eu disse:

Hoje não escreverei nada.

Não há nenhum poema em gestação

Em meu coração.



No pomar vazio de você

Não havia a doçura de outrora.

Os frutos, antes tenros e dulcíssimos

Guardavam, agora, sumos amaríssimos.



Sem o sol a iluminar o pomar

Pouco vale a luz do luar.



Sem a beleza da flor de verão

No pomar das ilusões,

Sequer vinga frutos temporões.




Parti, sim parti,

Mas não fui sozinho.

Na bagagem das lembranças,

meu coração em desalinho.

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