domingo, 28 de janeiro de 2018

O QUE ME ENSINAM AS BORBOLETAS


Quando morre uma pessoa
Ela leva consigo
Uma diversidade de saberes
E emoções incalculáveis.

Pensar na morte
Me aprisiona
mas também me liberta.
Paradoxalmente
Asas e grilhões
Na mesma pena.

Como deglutir sem dor
A inexorabilidade do destino
E a perpétua iminência
Da hora de partir?

Difícil assimilar
Essa constante transitoriedade
Humana impotência
Ante a fugacidade do existir.

Pensar que tantas vezes
Contemplei a rude ternura do olhar de meu pai
Sem dimensionar a soberania do tempo
E a fragilidade da vida
Frente a arbitrariedade dos reveses.

Quanta vontade de tê-lo
Novamente diante de mim
Permitir um longo abraço
Como se eu pudesse anular a morte, o fim.



Ontem eu era um menino
E planejava meus amanhãs
Com certezas cheias de inflexibilidades.

Agora sei que quando a vida fenece
O que permanece, além da saudade,
São as belezas que se plantou
Na brevidade do nosso viver.

Hoje as borboletas
Me ensinam muito
Sobre perenidade.

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