sexta-feira, 9 de julho de 2010

VARANDA DE LOUCURAS


Há um silencio de carinho

Nos corredores do mundo.
A população da terra,
Desenganada de afeto,
Espera resignada
O vídeo taipe da primavera que passou.


Ainda ontem, éramos crianças,
Brincando de construir futuro
No quintal da infância.
O tempo de amar
É escasso no ciclo dos mortais!


Por isso, em tuas mãos entrego-me,
Dispo-me de pudor
Para o ato do abraço.
Vem e faz de mim
A lúdica fantasia
Em teu alegre novelo
De sonhos impublicáveis.


Ao quedar-te embevecida,
Rompa o halo e o elo
Do medo.
Ao atar-me,
Dispa-se do pré-conceito
De amar o amor.


Abandone o sentimento
Milimetrado,
O prazer bem comportado,
Em que a vírgula
Determina o fôlego,
O gemido,
O grito.
Dispa-se inteira.
Rasgue o manual
De etiquetas em des
pe
da
ços
e livre, sirva-te de pêssegos
em minha varanda de loucuras.




Vem colher amoras maduras
Em meus galhos pejados.
Vem vestir-te de vento
No pomar deste outono
Que pode nunca mais existir.


No ciclo das estações
A única certeza é a alegria
Das borboletas
Que semeiam vida
No sexo das flores.


Vem olhar pela janela
De meus olhos o frio de afeto
Que faz lá fora de nossos corpos.
Vem mostrar-me a orquídea
Guardada entre suas coxas.


Deixa-me passear em teu jardim,
Sentir o aroma de flores exóticas
E colher frutos silvestres
Maduros de desejos.


Há um silêncio de carinho
Nos corredores do mundo!


BASTOS, Almáquio. Ciclo do nada. Goiânia:1996. p.71
Poema premiado em 2º lugar no Concurso Nacional Cidade de Mineiros – 1995.

4 comentários:

  1. Você sabe como ninguém colocar em palavras sentimentos que para muitos são ignorados.
    Belo Poema
    Lya

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  2. ...e assim vivemos, lembrando da boas coisas da vida...olhando da varanda de nós, vivemos.

    beijo!

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  3. belina paula de oliveira11 de julho de 2010 às 12:28

    ...simplesmente incrível! como se é exaltado o ato de amar...a sublimidade das palavras derruba os falsos pudores...simplesmente lindo meu amigo, bjoss!!!

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  4. Meus parabéns, adoro ler as poesias de um verdadeiro poeta
    Te acompanharei, no meu humilde blog, que perto da seu minhas palavras tornam-se mortas

    izil

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Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...