sábado, 3 de dezembro de 2011

EU E MINHAS CRÔNICAS


                                                         
                Alfredo Bastos Sousa, meu tio, presenteou-me com um exemplar do livro EU E MINHAS CRÔNICAS, de sua autoria, publicado em setembro último pela Editora e Gráfica Ligabe, Vargem Grande do Sul, São Paulo, onde reside.
                        Eu e minhas crônicas é um livro de 128 páginas que reúne textos simples, escritos em prosa (contos e crônicas) e também em versos, dispostos aleatoriamente ao longo da obra.
                       A temática versa sobre assuntos variados, muitos deles escritos na primeira pessoa e com clara evidência autobiográfica. Esse aspecto autobiográfico é bastante nítido quando autor, consciente de que sua vida tem mais passado que futuro, manda recado aos leitores, como pode ser visto no texto cujo título é Sem título: “Apresso-me a escrever, pois meu fim está próximo. Espero que algum de meus pobres poemas, ou algum de meus contos possa servir de inspiração ou de algum proveito para algum leitor. (…) Muitos de meus escritos foram acontecimentos verdadeiros, presenciados e vividos por mim (…) Sempre gostei de escrever, e lamento não ter começado há mais tempo”.
                          Receber este livro provocou em mim dois sentimentos distintos e contraditórios. O primeiro sentimento foi alegria. Sempre me alegra saber que a arte, sobretudo a literatura, é voz e  instrumento de manifestação de sentimento de alguém.
                        Escrevo desde a adolescência e hoje, aos cinquenta e dois anos de idade, mais do que nunca, valorizo a capacidade de comunicação que a palavra escrita carrega em seu lombo semântico. A angústia de Fernando Pessoa transcendendo o tempo em Tabacaria é exemplo inconteste do que acabo de afirmar.
                           O outro sentimento que o livro provocou, ao contrário ao primeiro, é melancolia. Primeiramente porque as reflexões em torno da aproximação da morte feitas pelo autor de Eu e minhas crônicas, guardadas as devidas proporções, também são feitas por mim. Por isso escrevo sobre a vida, mesmo quando falo da morte.
                      Em segundo lugar, a melancolia se instala em decorrência de um tema que tem ganhado força: a morte do livro. Não a morte do livro Eu e minhas crônicas, que acabei de receber, tampouco dos quatro que já publiquei. Falo, de maneira geral, da morte do livro impresso, feito de papel e tinta, aquele que colocamos na cabeceira da cama para releituras ou na biblioteca, onde ele aguarda alguém que queira viajar no tempo e no espaço por meio da leitura.
                            O e-book, conhecido no bom e velho português como livro digital já é realidade e, gradativamente, ganha adeptos.
                            Considero fantástica a possibilidade de ter acesso a uma obra literária a partir de um simples download e, por exemplo, viajar pelo mar português, seja no Smartphone ou tablet, lendo Mensagem de Fernando Pessoa. Esse conforto fica ainda mais impressionante porque, além de Pessoa, sei que posso carregar Shakespeare, Homero, a Bíblia, o alcorão e centenas de outros títulos e autores, tudo bolso.
                               Considerando que futuro do livro não é tema que se esgota com argumentações simplistas, nem cabe ser debatido neste curto espaço, encerro a provocação tomando nas mãos o presente que acabo de receber. Olho novamente a capa, a contracapa e folheio, aleatoriamente, o livro até que me salta aos olhos o primeiro verso do poema Inspiração:

Eu monto em meu cavalo alado
Vou pelos ares até a fonte Hipocrene
Beber a inspiração poética que me refulge
Fazer meus versos que me eleva aos ares.
   
                            Fecho o livro com um sorriso nos lábios, na certeza que, mais uma vez o papel da poesia foi cumprido. Eu e minhas crônicas é um eco de resistência, uma voz que insiste em gritar às pessoas-leitores sobre a importância de compreender o significado de Carpe diem.



                                                                              

Qual é o futuro do livro ?

Renato Sabbatini

Quem vai ganhar a competição ? O meio digital ou o meio impresso ? Ou será que eles não competem entre si, mas sim se complementam ?
Perguntas como essas estão começando a deixar os editores de livros muito preocupados. A penetração das formas digitais de livros ainda é muito pequena. Basta visitar uma livraria e ver quantos títulos de livros existem em papel e quantos em CD-ROM. A maioria dos CDs são obras de referência e consulta, tais como enciclopédias e bancos de dados; ou programas de informação e aprendizado que se baseiam fortemente em tecnologias interativas. São muito poucos os romances e livros especializados publicados em CD, por um motivo bastante óbvio: é muito chato ler um livro no computador (e sai muito caro imprimi-lo em papel antes de ler). Nove entre dez pessoas não gosta e não quer ler coisas extensas na tela.
A coisa não é muito diferente com relação à Internet (pior, pois ficar on-line custa impulso telefônico e taxas do provedor, ou seja, mesmo que o livro seja de graça, você está pagando para lê-lo). A Internet tem sido um ótimo exemplo de como os meios impressos e eletrônicos se complementam. Atualmente existem milhares ou dezenas de milhares de livros com texto completo disponíveis na Internet. Devido à problemas de copyright, a maioria dos textos é de autores clássicos, cujos direitos de cópia já estão vencidos. Por exemplo, é muito fácil achar na Internet o texto completo de qualquer um dos romances de Sir Arthur Conan Doyle, a Bíblia, textos romanos e gregos clássicos, etc. Servidores como o do Projeto Gutenberg, que tem centenas de colaboradores digitando livros sem copyright e colocando-os na Internet, são um ótimo recurso. Mas tente achar o texto do último livro do Sidney Sheldon ou mesmo de autores não tão recentes, como Hemingway. Não vai achar, pois eles ainda rendem dinheiro.
O que está acontecendo de muito curioso é como a Internet está servindo para vender cada vez mais livros em papel. As livrarias on-line já são um enorme sucesso. A mais conhecida, a Amazon, tem 2,5 milhões de títulos, e vende por preços bem abaixo do praticado nas livrarias (há descontos de até 88 %). Diz-se que já está faturando algo em torno dos 100 milhões de dólares por ano. A sua equivalente nacional, que também vem obtendo boas vendas, é a BookNet. O mercado on-line é tão apetitoso, que a maior livraria (física) do planeta, a americana Barnes & Nobles, que tem mais de 700 lojas, e vende há muito tempo pelo correio, também abriu o seu gigantesco site na WWW, embora com menos títulos que a Amazon (1 milhão). Ela montou uma estratégia de marketing multimilionária, que tem como objetivo se tornar a primeira do mundo na Internet. Recentemente, por exemplo, fechou um contrato com a maior provedora de acesso à Internet, a America On Line (AOL), de 40 milhões de dólares, para se tornar a livraria on-line exclusiva da AOL no seu concorrido shopping virtual. A Amazon e as outras perdem de imediato uma boa parte de um mercado formado por 10 milhões de consumidores potenciais, o que não é pouca coisa.
O último capítulo da luta é muito criativo. Nos mecanismos de busca, tipo Altavista, e catálogos, tipo Yahoo! existe um "link" na página de resultados para você procurar livros sobre o mesmo assunto na livraria da Amazon. E várias livrarias, como a BookNet, estão oferecendo comissões de vendas para quem colocar "links" para suas páginas e que levem à venda de livros recomendados.
Atualmente, os livros vendidos pelas livrarias virtuais ainda são entregues pelo correio. Será que no futuro eles poderão ser descarregados pela Internet ? Não existe nada na tecnologia que impeça isso (aliás, já está ocorrendo em muitos lugares. Visite, para ver um exemplo fascinante, o site da National Academy Press. O modelo econômico é que não se sabe se dá certo.

E as bibliotecas ?

Portanto, o futuro do livro como meio de transmissão do conhecimento parece estar indubitavelmente ligado ao fator revolucionário representado pela Internet. A rede mundial de computadores colocou um elemento novo na equação que rege a indústria editorial, algo que não existia antes: a possibilidade de se ter um livro "virtual", ou seja, um produto abstrato, feito de bits e elétrons, ao invés de papel, tinta e cola. Esse livro pode ser distribuído instantaneamente para qualquer canto do planeta, sem necessidade de se fazer cópias, que é a essência da revolução anterior, que é a da imprensa de tipos móveis.
Embora muitos intelectuais conservadores estejam resistindo à idéia de um mundo de idéias divorciado do livro impresso tradicional, acho que isso não tem mais volta. Por muito tempo ainda, os dois mundos, o eletrônico e o impresso, vão coexistir, mas não tenho dúvidas de quem será o vencedor. O fator fundamental não será tanto as vantagens relativas das diferentes tecnologias de fazer livros, mas sim a reação dos consumidores com relação a duas coisas: como se comprarão os livros no futuro, e como eles serão armazenados e disponibilizados para os que não querem comprar.
Entra no jogo, então, o conceito de biblioteca, uma instituição tão antiga quanto o próprio livro. Como serão as bibliotecas do futuro, se todos os livros forem eletrônicos ? Elas terão razão de continuar a existir ? Qual será a função do bibliotecário, o classificador e guardião tradicional dos livros ?
Naturalmente, muitos países estão começando a estudar esses aspectos e desenvolver novos papéis e estratégias para a biblioteca do futuro. Há muito tempo as bibliotecas vem se automatizando, usando computadores para cadastrar livros ("tombar", no jargão da biblioteconomia), controlar sua entrada, saída e devolução pelos leitores, e disponibilizar sistemas de busca por título, autor, palavras-chave, etc. Nos países mais avançados, é praticamente impossível achar bibliotecas em que a sala de leituras não esteja repleta de computadores e terminais para utilização dos leitores. Os gaveteiros com fichas já são coisas extintas em muitas bibliotecas, pois descobriu-se um fato muito relevante: se 15 a 20 % do acervo da biblioteca tem acesso informatizado, os leitores deixam de usar o fichário tradicional para procurar livros ! Em outras palavras, o retorno que eles obtêm da pesquisa informatizada, mesmo que acessando uma parte pequena do acervo, já é o suficiente para mudar o seu comportamento.
O passo seguinte das bibliotecas rumo à "virtualidade" foi o de disponibilizar os seus catálogos eletrônicos através da Internet. Na UNICAMP, por exemplo, o exemplar sistema de bibliotecas coordenado pela Profa. Leila Mercadante, há bastante tempo que qualquer usuário da Internet, interno ou externo, pode consultar o acervo de periódicos, livros, teses e monografias. Você mesmo pode tentar, caro leitor, acessando o endereço http://www.unicamp.br/bc/. O mesmo acontece hoje com milhares de bibliotecas em todo mundo, chegando à sofisticação de se informar se o livro que você procura está na prateleira, ou se foi retirado, e quando será devolvido ! As bibliotecas também têm se unido, formando "redes cooperativas", como é o caso das universidades paulistas, que produziram um catálogo coletivo de seus acervos, denominado UNIBIBLI, e que está disponível também em CD-ROM. Em nível nacional, existem vários outros projetos, como a rede de bibliotecas Antares, coordenada pelo Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia (IBICT), um órgão do CNPq, e o Grupo Temático sobre Bibliotecas Virtuais, do Comitê Gestor da Internet Brasil.
O passo seguinte já foi dado por muitas bibliotecas, também: é a construção de prateleiras "virtuais", onde se disponibiliza para os leitores (fisicamente presentes na biblioteca, ou em qualquer lugar, através da Internet) as revistas e livros que já existem em forma eletrônica. A maioria é gratuita, mas muitas têm assinaturas pagas, que a biblioteca faz, em nome de uma coletividade mais restrita. Para terminar a "virtualização" total da biblioteca, só falta um passo mais: converter todos os livros e revistas existentes em papel, para uma forma digitalizada, que permita sua distribuição através da rede.
Essa transição ainda é utópica para a maioria das bibliotecas, devido ao enorme custo e tempo necessário para o processo de conversão. A Biblioteca do Senado dos EUA tem experimentado com isso há várias décadas, mas uma fração muito pequena do seu acervo está disponível nessa forma. Mas parece ser o caminho do futuro.

Livros Digitais

Os computadores que temos hoje serão considerados máquinas ridiculamente primitivas, perto do que estará disponível na primeira década do próximo século. As pessoas que resistem à idéia de que a informação no futuro será disseminada de forma quase que totalmente eletrônica, substituindo os livros e revistas impressas, não têm capacidade de visualizar como a revolução da microinformática tornará isso possível. Neste artigo darei uma idéia para o leitores a respeito do que nos espera.
Uma idéia interessante é de que os computadores serão tão compactos e baratos, que terão o formato e a portabilidade de um livro. Esses "livros eletrônicos" serão um lugar-comum dentro de poucos anos, constituindo um novo e poderoso fenômeno tecnológico no mundo das publicações. O pai da idéia da "biblioteca virtual portátil" é um pesquisador americano chamado Alan Kay, que no final da década dos 60s era um dos integrantes do Palo Alto Research Center (PARC) da Xerox Corporation, perto de Stanford, na Califórnia. As equipes do PARC foram as responsáveis praticamente por todas as idéias novas sobre computação interativa, tais como o mouse, os menus, as interfaces gráficas do tipo Windows ou Macintosh, etc.
Pois bem, Alan Kay escreveu um artigo fantástico, em 1968, no qual ele previu a existência, em cerca de 25 anos, de um computador tão compacto e portátil, que seria possível armazenar milhares de livros didáticos e científicos, ultracompactados em sua memória. A esse computador, que teria o aspecto e tamanho aproximados de um livro, e que não necessitaria o uso de teclado, Kay batizou de Dynabook (dos termos, em inglês, dynamic book, ou livro dinâmico). Kay concluiu que ele afetaria enormemente o acesso à informação, bem como a existência e o uso das bibliotecas e dos livros.
Exatamente 25 anos depois deste artigo, a Apple lançou a primeira geração de microcomputadores ultraportáteis, sem teclado, a que denominou de PDAs (personal digital assistants), e que são, em conceito, a coisa mais próxima possível do dynabook. Uma empresa americana chamada Franklin produz também livros eletrônicos compactos, do tamanho de uma agenda eletrônica pequena, que já permitem acesso simultâneo a até dois livros eletrônicos armazenados em módulos removíveis de 10 Mbytes de capacidade cada. Centenas de livros já foram lançados pela Franklin nesse formato. Na área médica, por exemplo, é possível ter-se um livro de Medicina Interna (Harrison) e um manual de referência com cerca de 10 mil medicamentos (o PDR), em um total de mais de 5 mil páginas on-line, por cerca de 350 dólares, com o computador incluído !
Deixando nossa imaginação à solta, é fácil prever que o dynabook poderá ser encadernado de acordo com o gosto do freguês, em couro marroquino, por exemplo, com filigranas de ouro e ex-libris personalizado e até com cheiro sintético de papel, tinta fresquinha e naftalina (se quiser...). A visualização das páginas abertas do livro seriam mimetizadas através de duas telas de cristal líquido super-alvura, com caracteres de alta resolução, de tal forma que o usuário teria uma impressão absolutamente perfeita de estar lendo páginas deum livro impresso. A única diferença seria que para "virar" as páginas ele precisaria pressionar a ponta do dedo num dos cantos da página. Até o barulhinho de uma página virando o computador imitaria !
Para que tudo isso ? Simplesmente para preservar a experiência sensorial e estética do livro impresso, tornando o livro eletrônico mais aceitável, por se encaixar em um modelo conhecido e apreciado há séculos. A grande vantagem é que uma pessoa que tem uma biblioteca grande (é o meu caso, com mais de 2000 livros impressos) poderia substituí-la por um único "livro universal", que poderá ser carregado na maleta ou debaixo do braço para qualquer lugar (inclusive para o banheiro, a cama, ou a rede na varanda da casa de praia, sem necessidade de tomadas elétricas por perto). Conectado através de ondas de rádio à Internet, o dynabook poderá dar ainda acesso a milhões de outros livros e revistas, de forma praticamente instantânea, carregando uma verdadeira Biblioteca do Congresso dos EUA.
Quem viver, verá !




Publicado em: Jornal Correio Popular, Campinas, 6/1/98, 20/1/98 e 9/2/98.
Autor: Email: sabbatin@nib.unicamp.br
WWW: http://home.nib.unicamp.br/~sabbatin Jornal: http://www.cpopular.com.br


Copyright © 1998 Correio Popular, Campinas, Brazil

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

DIÁLOGO COM PENÉLOPE





Eu, Odisseu tupiniquim, a deriva em mares imaginários,
Leio ígneos mistérios em tua orquídea de Penélope indomável.
Cada metáfora colhida nas túmidas pétalas de seu jardim secreto -
Ítaca dos meus devaneios - faz quedar-me embevecido ao
Lembrar o irresistível canto das sereias que
Eleva o mastro a que me amarro.
Na ânsia de singrar nas águas de teus segredos,
Escuto, em silêncio, as peripécias da arte de tecer delícias.


segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Um olhar estrangeiro sobre Clara Dawn e suas crônicas publicadas no DM-Revista


Segundo a professora e crítica literária *Fátima Santana
 
                A recepção da literatura brasileira no exterior tem sido estudada no mundo acadêmico, mas ainda é um assunto pouco divulgado. Há poucas publicações que analisam a maneira como os autores brasileiros são lidos fora de seu local de produção.
                Eu acabo de ser jubilada pela FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, onde trabalhei por mais de três décadas. O jubileu não é espantoso quanto  pensa os parceiros do oficio de educar. Não quando se pode voltar à terra natal e contemplá-la na magnitude de ações culturais, especialmente da literatura. Literatura, meu material de vivência e estudo de uma vida inteira. Literatura: jamais me canso de ti!
                E é por razão de nunca me cansar que estou sempre recebendo presentes: livros,  evidentemente. Dezenas chegam pelos correios, outros tantos me são regalados por amigos e parentes. Não preciso comprar-los, os livros me chegam a mim. Foi num desses tantos, que recebi, o ano passado, “Alétheia” de Clara Dawn. Li, gostei, esqueci. E esse ano dentre muitos outros que me foram regalados, recebo “Sofia búlgara e o tabuleiro da morte” também da, esquecida (por mim), Clara Dawn. Li, gostei, me incomodou, pois eu já acompanhava as crônicas semanais de Clara no DM - Online e  por gostar muito,  decidi, em poucas palavras, revelar a minha singela observação da obra  “concreta e inacabada” de  Clara Dawn e tentarei, por vez, dissertar na sintaxe do português brasileiro.
                Clara Dawn desenvolveu um estilo literário ímpar. Com livros marcados por singularidades e inovações linguísticas, a escritora se encaixa a lista dos que incorporaram traços inéditos à literatura brasileira produzida em Goiás.
                A ficção claradawniana se concentra nas regiões mais profundas do inconsciente, ficando em segundo plano o meio externo, pois quase tudo se resume à mente das próprias personagens. Portanto, Clara Dawn é o nome de uma tendência intimista a literatura escrita em Goiás. O ser, o estar no mundo, o intimismo formam o eixo principal de questionamentos tecidos em seus textos introspectivos de prosa-poética. Não centra sua obra no social, no romance engajado, mas sim no indivíduo e suas mais íntimas aflições, reproduzindo pensamentos das personagens.
                Artifício largamente utilizado por James Joyce, Proust e, sobretudo, Virgínia Woolf. O fluxo da consciência marca indelevelmente a literatura de Clara Dawn. Tal aspecto consiste em explorar a temática psicológica de modo tão profundo que o assunto nunca é completamente explorado, ou seja, as diversas possibilidades de análise psicológicas e a complexividade da temática contribuem para a inesgotabilidade do assunto. O fluxo da consciência indefine as fronteiras entre a voz do narrador e a das personagens, de modo que reminiscências, desejos, falas e ações se misturam na narrativa num jorro desarticulado, descontínuo que tem essa desordem representada por uma estrutura sintática caótica. Assim, o pensamento simplesmente flui livremente, pois as personagens não pensam de maneira ordenada, mas sim de maneira conturbada e desconexa. Portanto, é a espontaneidade da representação do pensamento das personagens que caracteriza o caos de tal marca literária.
                O monólogo interior é outro artifício utilizado por Clara Dawn que contribui para a construção da atmosfera introspectiva. Essa técnica consiste em reproduzir o pensamento da personagem que se dirige a si mesmo, ou seja, é como se o “eu” falasse pra si próprio. Registra-se, portanto, o mergulho no mundo interior da personagem, de suas crônicas, a “Neura” que revela suas próprias emoções, devaneios, impressões, dúvidas, enfim, sua verdade interior diante do contexto que lhe é posto.
                Não se deve afirmar que Clara Dawn seja a pioneira no emprego da epifania na prosa/crônica  da literatura de Goiás. “No sentido literário, a "epifania" é um momento privilegiado de revelação, quando acontece um evento ou incidente que "ilumina" a vida da personagem.” O que acontecia de modo peculiar e brilhante nas crônicas de Anatole Ramos e Marieta Telles. Anatole em "Fazendeiro que Dedurou os Bispos (1978)" com os flagrantes do cotidiano, os problemas, as alegrias, os protestos, os sonhos e as esperanças de todos nós e Marieta Telles Machado que era cronista por excelência, transitava pelas áreas da literatura epifânica  nos anos de 1980. Não havia genialidade em ambos, eles não escreviam para a elite ou para a plebe, crônicas dirigida ou bitoladas. Apostavam na linguagem,simplesmente,  compreensível para quem sabe ler, sem poses, sem afetação, pobre de hermenêutica, mas ricas de espiritualidade social.
                Mas posso, assim, dizer que nos textos de Clara Dawn ela consegue impor genialismo a simplicidade e o seu objetivo maior é o momento da epifania: por meio de uma espécie de revelação (o que se dá por meio de um fato inusitado), a personagem descobre que vive num mundo absurdo, causando um desequilíbrio interior que, por sua vez, provocará uma mudança radical em sua vida ou não. Honestíssima, espirituosa, imaginosa e de raciocínio célebre, Clara salta num átimo de tempo de poetisa dos valores morais, de contador de histórias acriançadas a embaixadora da alegria e da surpresa. O fator surpresa é inevitável aos escritos de Clara Dawn
                É também peculiaridade da autora a construção de textos inconclusos e outros desvios da sintaxe convencional, além da criação de alguns neologismos. Clara Dawn não adota o padrão da gramática normativa, pois tem na valorização da expressividade do texto a regra primordial de sua literatura. Assim, as frases não são feitas com o rigor gramatical e coerente, mas sim com o primor e o viço da expressão artística.  Assim, podando os excessos e desconsiderando os modismos, Clara Dawn desponta entre os melhores escritores da literatura brasileira produzida em Goiás.     
                Clara Dawn tem uma significativa produção como cronista do Diário da Manhã - Goiânia. Reunidas no livro “Sofia búlgara e o tabuleiro da morte”, Kelps, Goiânia, 2011.  Apesar desta particularidade da obra de Clara como cronista, nosso principal interesse neste trabalho é o fato de que, através dos estudos de suas crônicas reunidas é possível compreender como ocorre aquilo que a própria autora nomeia em “Os veios no barro de Manoel”, como um plágio de si mesma.
                Para compreender este interessante processo de auto-plagiamento, meu principal alvo de observação são as crônicas publicadas no DM-Revista - Diário da Manhã que posteriormente foram reformuladas e reunidas em determinados livros de antologias e agora em “Sofia búlgara e tabuleiro da morte”. Há em todo este percurso não apenas alterações no que se refere ao veículo literário em que o texto se insere, mas também reformulações literárias de um texto para outro que indicam um inacabamento que, segundo o meu compreender, pode evidenciar um discurso de alma transparente, de quem não teme aprender,  ao trabalho de polimento e despojamento das máscaras e dos mistérios de Clara em todas as suas versões de estilo.
                Estudar estas crônicas da autora permite ver a sua obra literária em movimento na observação da trama em seu estado bruto, ainda em germinação e sem as mudanças que serão feitas pela autora. Para isto pretendo mapear as mudanças realizadas neste trajeto da crônica para o romance Alétheia e notar em quais histórias dentro da história, esta germinação/alteração pode ser encontrada e buscar compreender o que estas sentenças significam a síntese da obra de Clara Dawn. Ao observar as alterações feitas pela escritora entre o jornal e o romance Aletheia e do romance para as crônicas jornalísticas analiso não apenas a mudança de gênero – crônica/conto - como também as escolhas linguísticas e literárias que determinam o maior status literário tanto do romance em relação a crônica, quanto das crônicas e em relação ao romance. Sem dúvida alguma, Clara escreve crônicas como num ritual romântico e fez um romance cronicamente.
                Esta análise visa caracterizar a obra de Clara como romancista/cronista a fim de determinar como a autora constrói este conjunto de textos. Desta forma, tento compreender os textos reunidos em “Sofia búlgara e tabuleiro da morte” não a fim de forjar uma definição para estas; mas para tentar delimitar os territórios por onde transita a Clara cronista e assim melhor compreender esta significativa, porém pouco estudada, autora. Definindo este material, compreendendo o lugar em que as crônicas que é o meu principal objetivo de pesquisa – as que são reescritas transformando-se em futuros contos/romances  se inserem no mapa romancista/poético de Clara Dawn.
                Observar as diferentes aceitações da crítica de uma Clara-cronista-poética  e de uma Clara-romancista permite analisar como a noção de autoria interfere na compreensão da obra da escritora. Pensar no que Foucault  chama de posição-autor no caso de Clara Dawn através de sua obra cronística pode auxiliar a compreender a leitura que é feita destes textos. Meu objetivo neste sentido seria analisar como funciona na recepção da obra desta autora o movimento caracterizado por Foucault em que o nome do autor assegura uma função classificativa e delimitadora de um conjunto de textos. Isto permite analisar de que forma o lugar que Clara ocupa para a crítica literária determina significativamente a leitura de suas crônicas e de seus romances também.
                Antonio Francisco, angolano, tradutor e professor de francês que conheci por intermédio do Facebook, convidou-me a ler um artigo onde ele aborda  a questão da recepção de Clara Dawn na França e Angola.  Tema muito relevante, já que se sabe que Clara Dawn é uma escritora que tem devotos em vários países, sobretudo no mundo de língua francesa, espanhola e portuguesa.
                Trata-se de um artigo escrito em português e francês que se lê com interesse e prazer porque é bem escrito, organizado, articulado. Além de demonstrar muita maturidade intelectual e humana, o autor analisa aspectos da obra de Clara Dawn, assim como algumas crônicas publicadas em francês. A recepção está fundamentalmente na análise literária e se encontra sobretudo no que trata da espiritualidade, e aborda as relações da literatura com as artes plásticas e a música formando um mosaico instigante  as facetas da obra de Clara, sem perder a leveza de seu modo claradawniano de escrever.  
                O artigo em francês de  Antonio Francisco é relevante para a recepção  de Clara Dawn no exterior, pois foi através dos seminários de Antonio na Universidade de Paris que muitas pessoas tiveram acesso à obra da escritora brasileira/goiana
                Embora o autor do artigo tenha algumas boas intuições sobre tradução, e sobretudo acerca da experiência de traduzir e assim traduz crônicas de  Clara Dawn para o francês, lhe falta a capacidade literária de demonstrar o labor narrativo de Clara Dawn. Nada melhor do que ler e reler suas crônicas cruas, sem a revisional de uma edição e assim podemos descobrir uma autora em toda a singeleza de sua criação sólida e inacabada. Que Deus me dê vida para ver Clara erguendo tijolos, colunas e teto. Parabéns, Diário da Manhã por ter Clara Dawn como uma de suas cronistas! 
 
*Fátima Santana é professora, jubilada, dos cursos de “História da Arte e Literatura da Língua Portuguesa” da FLUC – Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra – Portugal
 


Clara Dawn
Escritora: romancista, contista, cronista do Diário da Manhã - DM-Revista (pág 06) - Sempre às segundas-feiras e editora cultural da revista eletrônica da União Brasileira de Escritores de Goiás.
 
Site UBE:
www.ubebr.com.br
Blog 1: http://claradawnescritora.blogspot.com/
Blog 2: http://twitter.com/claraescritora
Blog 3: http://www.facebook.com/home.php#!/

domingo, 16 de outubro de 2011

Rubem Alves, William Shakespeare e Almáquio Bastos

 
“Contei meus anos e descobri
Que terei menos tempo para viver do que já tive até agora....
Tenho muito mais passado do que futuro...
Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de jabuticabas...
As primeiras, ele chupou displicentemente..............
Mas, percebendo que faltam poucas, rói o caroço...

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades...
Inquieto-me com os invejosos tentando destruir quem eles admiram.
Cobiçando seus lugares, talento e sorte.....
Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas
As pessoas não debatem conteúdo, apenas rótulos...
Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos...


Quero a essência.... Minha alma tem pressa....
Sem muitas jabuticabas na bacia
Quero viver ao lado de gente humana...muito humana...
Que não foge de sua mortalidade.
Caminhar perto de coisas e pessoas de verdade....

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.. O tempo é algo que não volta atrás.
Por isso plante seu jardim e decore sua alma,
Ao invés de esperar que alguém lhe traga flores ...

                                                                      http://pensador.uol.com.br/poemas_sobre_o_tempo/
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FRÁGIL ESSÊNCIA
Se no fátuo acontecer
da brevidade humana
encantos e desencantos se misturam
no empilhar incógnito dos dias
é no canteiro desta metafísica dualidade
onde colhem os poetas
cachos maduros de poesia.

Sabendo-se que a cada amanhecer
a todos
tudo pode acontecer,
melhor cantar a beleza do abrir de uma flor
que descrever tristezas de vidas vazias.

Somos hóspedes do tempo
- Frágil essência -
Tolice guardar amor em celeiro.
Feliz quem abraça
                              e ri
                                   e beija
                                             e ama
como se vivesse o dia derradeiro.

                             Almáquio Bastos, in Sob o Signo de Eros, p. 19
 

terça-feira, 28 de junho de 2011

Peripécias sagazes de Valdivino Braz (Jorge Bechepeche*)

O “Gado de Deus”, de Valdivino Braz, pode ser considerado uma das referências insignes do romance brasileiro


A pertinácia escritural de Valdivino Braz é um cenário de incontido jorro fervilhante e contínuo de galopes fráseos, de lépidos e desvairados petardos estruturais, linguísticos; enfim, um perfilamento e culminação de um remodelismo conjuntivo de décadas literárias. A prosa, com “Cavaleiro do Sol” (1977), e a poesia, “As Faces da Faca” (1978), ressentem-se do assanho impactador de neófito que assoma os horizontes deslumbrantes e irresistíveis da criação literária, mas ainda subjugado pelo imediatismo das temáticas e das influências de autores impregnantes e irresistíveis (como João Cabral de Melo Neto, Carlos Drummond de Andrade, Lêdo Ivo.) que ainda não revelam aquele seu futuro buril raiado que ele instauraria nas publicações posteriores, fantasticamente aguçado, lépido, mordaz, joyceano. Contudo, não se pode negligenciar, além da perpetrante capa de Laerte Araújo para “Cavaleiro do Sol” (ele que sempre acrescenta arte à estetização dos autores), a presença de alvissareiro embrião de forte lampejo estilístico já literariamente representativo nos contos “A Face Oculta da Maldade”, “Que se Passa com Joana?” e “Cavaleiro do Sol”. Nestes, a dotação de linguagem, ao manejar o tema, se lhes cai bem.


Com a forma (estilização), com a fôrma (a palavra, a frase), com a temática múltipla e inumerável, expressando-se por um modelismo inesgotável como arrepanhamento, intertextuação, intertextualidade, realismo mágico, criptografia, etc., Valdivino Braz faz de “O Gado de Deus” (2009), seu premiado romance, uma plataforma de dúcteis plasmações fráseas de arranque ágil e trepidante, um jogo galhofo, satirista, de efeitos fônicos e signóticos, de diletante efeito malabarista na narração com que a sequência dos topos em profusão provê perfeita e admiravelmente uma ginástica concomitante de imagens e ideias, impondo-nos a impressão de que ele faz do texto, à Joyce e à Faulkner, um boneco de mola que ele malemoleja e ventriloqueia a seu bel-prazer. Irrompe o romance com rupturas estruturais, fazendo o primeiro capítulo (como Josué Montello em “Labirinto de Espelhos”) que começa, assim, o romance no prefácio e daí se solta num ensaísmo literário que arrola as pugnas epistemológicas do universo das letras, da política, da música, etc., etc., e que vai vazando todo o livro.

Contudo, como ocorre na disparada do estouro da boiada, ele, triturando na máquina cinematográfica captadora de painéis da vida e da História, sua estilística liquidificadora e o seu excepcional poder mimetizante de alheias estilísticas intertextualizadas, permite que uma dialética escritural verdadeiramente fantástica se metamorfoseie em intertextualidades com estilos de autores hoje ícones de máxima genialidade na Literatura Universal, como Dante, Eliot, Joyce, Drummond, João Cabral de Melo Neto, João Guimarães Rosa. Sem dúvida, “O Gado de Deus” já pode ser considerado uma das referências insignes do nosso romance (goiano e brasileiro) e até um palatíssimo repasto para degustação internacional.

Superação dos mitos

Tal como já ocorrera com a sua poesia atual, na prosa recente também Valdivino Braz enseja a superação de alguns mitos que mantivera em “O Gado de Deus” e na esteira poética passada. Intenta, daí, a superação de adoções de ícones das fronteiras entre semiótica e linguística e suas crias, alcançando nos contos de “Morcegos Atacam o Vampiro” um retorno a uma linearidade mas que, sob seu vigilante tirocínio de conscientização do alcance estético sempre de acurácia genial, desata a prosa e fá-la escorrer em flexibilíssima e fluídica dialética, jocosa de psicodelismo e avivada de mordacidade espicaçante sobre as eternamente incorrigíveis mazelas da bicharada humana.

No levantamento de moldes estilísticos, não se podem omitir alguns caracteres do senso de obra aberta com que ritualiza seus textos: na fraseologia, a miúdo, as criptografias emergem fazendo o personagem assumir a narrativa, assim roubando-a do narrador (autor), nas páginas 72 e 73; a técnica operatória começa a sessão de cinema, sob um véu de lantejoulado realismo mágico, no conto “O grito dos mutilados” (página 35), em que, além desses tópicos (também presentes em “Devoções de Dona Dalva”), insere-se o ensaísmo literário, e só nele e em Heleno Godoy, este cânone aparece nos contos até então publicados.

Finalmente, entre outras aferições, contos como “A Crespa Flor das Pernas”, “Rio Arrependido”, “A Vingança de Zé Divino”, cuja estilização corre como prata líquida sobre a página, podem muito bem, pela refulgência e esplendor das narrativas, ser alçados ao panteon nacional do mais relevante senso antológico. E Valdivino Braz assim também, pelo conjunto de tão significante literatura no Brasil, na galeria de consagrações universais.
 




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* Mário Jorge Bechepeche é médico e crítico literário, autor do livro “O Senso de Obra Aberta na Literatura e o Modelismo Conjuntivo da Atualidade” (1º volume).



Esta resenha foi publicada, originalmente no blog LITERATURA SEM FRONTEIRAS, cujo endereço segue abaixo. 


http://literaturasemfronteiras.blogspot.com/2011/06/peripecias-sagazes-de-valdivino-braz.html?showComment=1309279642627#c154471334716776936

quinta-feira, 26 de maio de 2011

Presidente ou Presidenta ?

É interessante para acabar com a polêmica de "Presidente ou Presidenta"
A presidenta foi estudanta?
Existe a palavra: PRESIDENTA?
Que tal colocarmos um "BASTA" no assunto?
No português existem os particípios ativos como derivativos verbais. Por exemplo: o particípio ativo do verbo atacar é atacante, de pedir é pedinte, o de cantar é cantante, o de existir é existente, o de mendicar é mendicante...   Qual é o particípio ativo do verbo ser? O particípio ativo do verbo ser é ente. Aquele que é: o ente. Aquele que tem entidade.
Assim, quando queremos designar alguém com capacidade para exercer a ação que expressa um verbo, há que se adicionar à raiz verbal os sufixos ante, ente ou inte.
Portanto,
a pessoa que preside é PRESIDENTE, e não "presidenta", independentemente do sexo que tenha. Se diz capela ardente, e não capela "ardenta"; se diz estudante, e não "estudanta"; se diz adolescente, e não "adolescenta"; se diz paciente, e não "pacienta".
Um bom exemplo do erro grosseiro seria:
"A candidata a presidenta se comporta como uma adolescenta pouco pacienta que imagina ter virado eleganta para tentar ser nomeada representanta. Esperamos vê-la algum dia sorridenta numa capela ardenta, pois esta dirigenta política, dentre tantas outras suas atitudes barbarizentas, não tem o direito de violentar o pobre português, só para ficar contenta".
(Miriam Rita Moro Mine - Universidade Federal do Paraná)






Em português, o partícipio presente (ou ativo) geralmente tem função de adjetivo ou de substativo. Usualmente é formado com as terminações -ante, -ente e -inte (pipocante, presidente, constituinte). No entanto, a maioria dos gramáticos considera que não existe mais particípio presente no português contemporâneo, sendo tais palavras substantivos ou adjetivos, apesar de a formação de derivados com nte ter grande vitalidade, criando palavras tais como "dançante", "cantante", "titubeante", "ziguezagueante", "ululante" e "assinante", entre várias outras. Outras palavras também terminadas em -nte (amante, cadente, seguinte) são derivadas do particípio presente latino.

Na gramática particípio é uma forma nominal de um verbo que tem várias funções, pondendo funcionar como um substantivo, adjetivo, advérbio e também pode ser utilizada na construção de frases compostas.
Linguísticamente, a língua portuguesa apresenta dois particípios: o particípio passado (terminações -ado e -ido) e o particípio presente (terminações -ante, -ente e -inte). No entanto, a maioria dos gramáticos considera que existe apenas um particípio no português, o particípio passado. O gerúndio da língua portuguesa também pode desempenhar funções semelhantes a um particípio presente.
Em português, um particípio utiliza-se sempre em conjunto com um verbo auxiliar que pode ser o ser, estar, ter ou haver.

Exemplos:
Eu já tinha entregado o meu trabalho quando descobri o erro.
O meu trabalho foi entregue ontem.
Obrigado por ter aceitado o nosso convite.
O convite foi aceite com todo o prazer.
Eu já houvera pagado quando me exigiram novo pagamento.
O bilhete estava pago quando me exigiram novo pagamento.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Participio

 

terça-feira, 10 de maio de 2011

ACADEMIA APARECIDENSE DE LETRAS

A Academia Aparecidense de Letras, em assembleia geral extraordinária, ocorrida em  30.04.2011 deliberou sobre a proposta de admissão de novos acadêmicos e eleição da diretoria executiva e conselho fiscal para o biênio 2011/2012. A nova diretoria ficou assim definida:

Academia Aparecidense de Letras

Composição da Diretoria Executiva - Biênio 2011 - 2013

Presidente: José Donizete Fraga
Vice-Presidente: Renato Gonçalves Rodrigues
1º Secretário: Almáquio Bastos Filho
2º Secretária: Carmem Irene Pantaroto
1º Diretor Financeiro: Cláudio de Castro
2º Diretor Financeiro: Jair Pereira de Godoy
Diretora de Publicações: Lílian de Castro
Diretor de Eventos: José Márcio Cabral

Conselho Fiscal:
Emídio Silva Falcão Brasileiro
Alcides Ribeiro Filho
Mauricélio Batista Cintra

Suplentes:
Itamar Pires Ribeiro
Aparecida Teixeira de Fátima Paraguassu
Ricarte Rodrigues Pereira

Comissões:

Conselho Editorial da Revista da Academia
Presidente: Cecília Mello
Membros: Luiz Antônio Signates Freitas
Itamar Pires Ribeiro
Luiz de Aquino Alves Neto

Comissão de Assuntos Jurídicos
Presidente: Gildeneide dos Passos Freire
Membros: Renato Gonçalves Rodrigues
Waldire Laureano Batista

Comissão de Análise Bibliográfica
Presidente: Almáquio Bastos Filho
Membros: Rafael Ferreira de Albuquerque
Luciana Catarina Aranha de Castro


ACADEMIA APARECIDENSE DE LETRAS

COMPOSIÇÃO

Cadeira nº 01: Cláudio de Castro
Patrono: Carmo Bernardes da Costa
Sítio: www.claudiodecastro.blogspot.com

Cadeira nº 02: Itamar Pires Ribeiro
Patrono: Afonso Félix de Sousa

Cadeira nº 03: Luciana Catarina Aranha de Castro
Patrono: Ana Lins dos Guimarães Peixoto Bretas (Cora Coralina)

Cadeira nº 04: Almáquio Bastos Filho
Patrono: Pio Vargas Abadio Rodrigues
Sítio: http://www.almaquiobastos.blogspot.com/

Cadeira nº 05: Renato Gonçalves Rodrigues
Patrono: José Jacinto Veiga

Cadeira nº 06: João de Castro Neto
Patrono: Eli Ribeiro Brasiliense

Cadeira nº 07: José Donizete Fraga
Patrono: Bernardo Élis Fleury de Campos Curado
Sítio: http://fragaeverbo.zip.net

Cadeira nº 08: Luiz Antônio Signates Freitas
Patrono: Vitorino Freitas

Cadeira nº 09: Fabrício Gomes de Almeida
Patrono: Luiz Palacin Gómez

Cadeira nº 10: Marislei de Sousa Espíndula Brasileiro
Patrono: Florence Nightingale

Cadeira nº 11: Cristiane Lisita Passos
Patrono: Ciro Lisita

Cadeira nº 12: Emídio Silva Falcão Brasileiro
Patrono: Hippolyte Léon Denizard Rivail (Alan Kardec)

Cadeira nº 13: Roberto Wilson Torres de Meneses
Patrono: Manuel Antônio Álvares de Azevedo

Cadeira nº 14: Carmem Irene Pantaroto
Patrono: Braz José Coelho

Cadeira nº 15: José Márcio Cabral
Patrono: Aluísio Tancredo Gonçalves de Azevedo

Cadeira nº 16: Gildeneide dos Passos Freire
Patrono: Hanna Arendt

Cadeira nº 17: Jair Pereira de Godoy
Patrono: Marieta Teles Machado

Cadeira nº 18: Ironita Pereira Mota
Patrono: Hugo de Carvalho Ramos
Sítio: http://bangaldasletras.blogspot.com/

Cadeira nº 19: Alcides Ribeiro Filho
Patrono: Alfredo Nasser

Cadeira nº 20: Mauricélio Batista Cintra
Patrono: Érico Lopes Veríssimo

Cadeira nº 21: Isac Cardozo de Santana
Patrono: Manuel Carneiro de Sousa Bandeira Filho

Cadeira nº 22: Rafael Ferreira de Albuquerque
Patrono: Marcus Vinícius de Moraes

Cadeira nº 23: Alex Cunha de Sousa
Patrono: Sérgio Buarque de Holanda

Cadeira nº 24: Antonieta Ribeiro de Sousa Neves
Patrono: Rosarita Fleury

Cadeira nº 25: Deurides Luíza Santos Lemes
Patrono: João Cabral de Melo Neto

Cadeira nº 26: Cleomar Barros de Oliveira
Patrono: Adolfo Bezerra de Menezes Cavalcanti

Cadeira nº 27: Wanessa Maíra Santos da Silva
Patrono: Augusto de Carvalho Rodrigues dos Anjos

Cadeira nº 28: Aparecida Teixeira de Fátima Paraguassu
Patrono: Mário Raul de Moraes Andrade

Cadeira nº 29: Ricarte Rodrigues Pereira
Patrono: José Martiniano de Alencar

Cadeira nº 30: Cecília Mello
Patrono: Fausto Rodrigues Valle

Cadeira nº 31: Vívian de Castro
Patrono: Paulo Reglus Neves Freire

Cadeira nº 32: Lílian de Castro
Patrono: Haia Pinkhasovna Lispector (Clarice Lispector)
Sítio: http://www.cerejandu.blogspot.com

Cadeira nº 33: Luiz de Aquino Alves Neto
Patrono: Leodegária de Jesus

Cadeira nº 34: Waldire Laureano Batista
Patrono : Jorge Leal Amado de Faria

Cadeira nº 35: Waldemar Rego Junior
Patrono : Joaquim Maria Machado de Assis
sítio: http://wwwwaldemarregoescritor.blogspot.com/

segunda-feira, 9 de maio de 2011

MÃE É, SOBRETUDO, MÃE.

Quando me proponho fazer poema para as mães
Recorro ao canteiro da língua materna a fim de colher
Palavras que traduzam o sublime e cantem o amor.

Escolho adjetivos delicados, doces substantivos e
Teço versos de fino labor.
Entendo que poemas dedicados às mães
Dispensam vocábulos rudes, tristes, amargos...
Vocábulos que invocam tristeza e rancor.

Com o tempo aprendemos que “não” de mãe
Significa “sim” para o bem,
Ainda que, quando dito, provoque lágrimas, revolta e incompreensão.

Mãe sabe quanto tempo dura uma noite ao lado de um filho que arde em febre,
Tempo em que seus os olhos cansados permanecem atentos, velando,
Ainda que cheios de lágrimas.
Mãe sabe com quantos minutos se faz uma eternidade
Quando se espera um filho voltar para casa, tarde da noite, trazendo com ele
A certeza de que “está tudo bem”.

Por isso, poesia sobre mãe é mais que deleite,
É também responsabilidade e privilégio, principalmente de filhos
Que se submetem ao doloroso, mas necessário, processo de reflexão.

Somente com o tempo se compreende que amor de mãe não tem paralelos.
Compreende-se que sabedoria materna não se adquire em livros ou em palestras de auto-ajuda e
Entende-se que amor rima com dor.

Entretanto,

Como é difícil para os filhos assimilarem tantas lições ditas sem palavras e
Depreenderem mensagens de amor e sabedoria entrelaçadas aos gestos e olhares simples
De mães que não dominam a gramática e tropeçam na concordância,
Mães que nada sabem sobre a tecnologia dos Smartphones,
Mães que não tem e-mail e não sabem para que servem blogs e sites de relacionamento,
Mas
Carregam, na alma, conhecimentos capazes de fazer diferença fora do mundo virtual,
Quando se torna necessário enfrentar a realidade, cara a cara,
Sem os recursos da fuga cibernética.

Somente o amor é capaz de unir universos tão diferentes.

Com o passar do tempo,
(Ah! o tempo.)
Quando nossas mãos não mais precisam de apoio, mas apoiam aquelas que, agora cansadas, outrora nos apoiaram, percebemos, em sua inteireza, que mãe é, sobretudo, mãe.
 
Domingo, 8 de maio de 2011

VOLTANDO A FALAR DE SONHO

Sonho é matéria invisível Igual carícia de vento Pode ser lembrança vivida Ou coisas que invento. Quando meu coração Acorda sorrindo E diz...