Livres como cavalos selvagens
Meus pensamentos
galopantes
Passeiam paisagens
distantes.
Voyeur por natureza,
Amo garimpar
palavras
Para
poematizar encantos.
Saibam os que me
leem
Que poetas não são
seres normais.
Tem “olhos de
Lince”(*)
E asas surreais.
Empiricamente,
A poesia não
mente.
Em minhas vadias
viagens, repletas de miragens,
Navego nas redes
sociais
Folheando, sem
pressa, álbuns pessoais.
Noutro dia,
sobrevoando uma praia qualquer,
Contemplei seu
corpo banhado de sol:
Na textura do
biquíni a sombra da imagem perfeita.
Impossível não
imaginar a formosura da silhueta.
Investido de poderes
poéticos
Vislumbro a musa
completamente nua
Assim como, nas noites
de verão, vejo a lua
Bela, cúmplice e testemunha.
No corpo da
fotografia vislumbrada
Vejo Vênus e viajo
na ilusão desenhada.
Nada relevo nos
detalhes do lindo relevo.
Escultura difícil
de explicar.
Embevecido nesse
passeio virtual
Reverencio a
exuberância dos belíssimos lábios:
Perfeito entalhe se
orvalha de desejo
Ao pressentir a
iminência do beijo.
Simples assim, por
isso escrevo:
Ai de mim, poeta
tupiniquim.
Que no mundo real
Faz-se um Odisseu
Que ao ouvir o
canto das sereias
Endoideceu.
Ser poeta é isto:
Mestre gourmet
Que se esmera em
temperar
A loucura, o
encanto e o amar.
(*) OLHOS DE LINCE.
Ter "olhos de lince" significa tem uma visão
apuradíssima. No entanto, a origem desta expressão não vem da comparação com o
felino, mas vem da mitologia grega.
De acordo com a lenda,
Linceu foi o piloto da expedição dos "argonautas", grupo composto por
56 heróis da mitologia grega, embarcaram no navio Argo para conquistar o Tosão
de Ouro (a lã de ouro do carneiro alado Crisómalo). Linceu tinha uma visão tão
boa que podia ver através de paredes de pedra para verificar a existência de
potenciais tesouros escondidos. Outros afirmavam também que Linceu tinha uma
visão tão fantástica que conseguia ver o que acontecia no céu e no inferno. Em
uma ocasião específica, conseguiu contar de uma só vez e a uma distância de
mais de duzentos quilômetros, o número de barcos de uma frota de guerra que
tinha saído de Cartago. Assim, quem tinha uma visão muito boa, tinha
"olhos de Linceu". Posteriormente houve a confusão entre Linceu e
lince, e na linguagem popular a expressão passou a ser "olhos de
lince".